Nos últimos anos, têm estado a nascer mais rapazes do que raparigas.
Nos últimos anos, têm estado a nascer mais rapazes do que raparigas.Leonel de Castro / Global Imagens

Nunca houve tantos bebés de mães estrangeiras como em 2023

Natalidade registou acréscimo de 2,4% relativamente a 2022. Foram mais 2028 bebés, sendo que boa parte destes são de mães residentes em Portugal, mas de nacionalidade estrangeira: em 2023, nasceram mais 4731 bebés neste grupo do que no ano anterior.
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A tendência mantém-se. Portugal continua a registar um saldo natural negativo em relação à demografia. Ou seja, menos nascimentos que óbitos. No entanto, quer em 2022, quer em 2023, este saldo natural tem vindo a desagravar-se, com o aumento da natalidade e uma redução nos óbitos. Isto mesmo demonstram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes a 2023, divulgados esta terça-feira, que registam um aumento de 2,4% de nados vivos relativamente a 2022, mais 2028 bebés. Ao todo, o INE contabiliza 85.699 nados vivos, sendo que 67.143 são de mães portuguesas e 18.734 de mães residentes em Portugal, mas de nacionalidade estrangeira. Pode mesmo dizer-se, que nunca houve tantos bebés de mães estrangeiras a nascer em Portugal como no ano passado, já que este grupo representa 21,8% do total de nascimentos, mais  4731 bebés em relação a 2022.

Numa análise mais detalhada aos dados publicados pela Pordata percebe-se que os maiores aumentos nos nascimentos neste grupo, desde a passagem do milénio, aconteceram, precisamente, nos dois últimos anos. Se recuarmos a 2008, ano em que os nascimentos neste grupo superaram a barreira dos 10 mil (10.238), pode verificar-se que estes continuaram a subir até 2010 (10.786), para depois começarem a baixar na comparação com o ano anterior (até aos 7.164 de 2015).

Nos anos seguintes, inicia-se nova trajetória de subida, com uma exceção em 2021 (quando houve 10.808 filhos de mães estrangeiras, menos 547 que em 2020). Em 2022 regista-se um recorde (14.003, 16,7% do total dos nascimentos no nosso país), que foi novamente batido, agora, em 2023 (18.734, 21,8%).

Uma subida que os especialistas na área da demografia têm vindo a associar ao fenómeno da imigração, permitindo que o saldo natural no país, entre nascimentos e óbitos, comece a ser desagravado.

Segundo os dados do INE, “o aumento do número de nados-vivos e o decréscimo do número de óbitos determinaram o desagravamento do saldo natural, de -40.640 em 2022 para -32.596 em 2023”. Este desagravamento foi registado em todas as regiões do país, havendo ainda a destacar  “um saldo natural positivo observado na Região da Grande Lisboa, de +461”.

Menos óbitos que em 2022, de adultos, como de crianças

Os mesmos dados revelam que, em 2023, registaram-se 118.295 óbitos de pessoas residentes em território nacional, menos 4,8% (menos 6016) do que em 2022, e registaram-se 210 óbitos de crianças com menos de 1 ano (menos 7 do que em 2022), “o que se reflete também numa diminuição da taxa de mortalidade infantil, de 2,6 para 2,5 óbitos por mil nados vivos entre 2022 e 2023”.

De acordo com o retrato traçado em 2023, a natalidade aumentou em quase todas as regiões do país, à exceção do Norte (-0,8%) e das regiões autónomas dos Açores (-1,3%) e da Madeira (-0,6%). Nas restantes, o aumento foi superior ao valor nacional (+2,4%), tendo o Algarve registado o maior acréscimo (+9,2%), seguido da Península de Setúbal (+ 6,3%). Em contrapartida, o Alentejo registou o menor acréscimo (+0,9%), abaixo do valor nacional.

Outro dado interessante, mas a manter a mesma tendência, pelo menos dos últimos cinco anos, é que, do total de nascimentos, 43.748 eram do sexo masculino e 41.951 do sexo feminino, “o que representa uma relação de masculinidade de 104 (por cada 100 crianças do sexo feminino nasceram cerca de 104 do sexo masculino)”, refere o INE.

No que respeita à idade das mães, os dados do INE demonstram que há menos nascimentos de mães com menos de 20 anos e mais de mães acima dos 35 anos, bem como mais nascimentos do primeiro filho nesta faixa etária. Ou seja, 66,1% do total de nascimentos em 2023 foram de mães com idades entre os 20 e os 34 anos, 32,0% de mães com 35 e mais anos, e 1,9% de mães com menos de 20 anos, ressalvando o INE que, entre 2014 e 2023, houve um decréscimo, de 1,1 pontos percentuais (p.p.), na proporção de nados-vivos de mães com idades inferiores a 20 anos.

Mais nascimentos de mães com mais de 35 anos

Por outro lado, e comparando 2023 com 2022, verificou-se um aumento de 3,6 p.p. na proporção de nados-vivos de mães com idades acima dos 35 anos. No ano anterior, tinha-se verificado uma descida na proporção de nados-vivos de mães com 35 ou mais anos.

Quanto à idade média da mãe ao nascimento de um filho (independentemente da ordem do nascimento) foi de 32,1 anos e a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho foi 30,6 anos, representando estes números, e tendo em conta o período entre 2014 e 2023, um aumento de 0,6 anos na idade média ao nascimento de um filho e na idade média ao nascimento do primeiro filho.

Retrato:
Nascer, casar e morrer

Menos nascimentos fora do casamento

Do total de nados-vivos, 59,5% nasceram fora do casamento, isto é, eram filhos de pais não-casados entre si, uma diminuição em relação a 2022, já que a percentagem era de (60,2%), representando, pelo 9.º ano consecutivo, mais de metade do total de nascimentos em Portugal. A proporção de nados-vivos nascidos fora do casamento foi inferior ao valor nacional (59,5%) nas regiões Norte (55,3%), Centro (58,6%), Grande Lisboa (58,6%) e Região Autónoma dos Açores (58,0%). 


Mais pessoas que já viviam juntas a optar por se casar

Em 2023, realizaram-se em Portugal 36.980 casamentos, mais 28 do que em 2022, um aumento de 0,1%, segundo o INE. Dos casamentos celebrados, 35.971 realizaram-se entre pessoas de sexo oposto (36.151 em 2022) e 1009 entre pessoas do mesmo sexo (801 em 2022), dos quais 548 casamentos entre homens e 461 casamentos entre mulheres (413 e 388, respetivamente, em 2022). Em mais de metade dos casamentos realizados em 2023, as pessoas já viviam juntas antes (26.321 casamentos). Nos últimos anos, este número tem vindo a aumentar, tendo-se registado um aumento de 19,4 p.p. em relação a 2014 (51,7% em 2014 e 71,2% em 2023). Quanto à idade média para o casamento, foi de 40,6 anos para os homens e 38,1 anos para as mulheres em 2023; a idade média para o primeiro casamento foi 35,8 anos para os homens e 34,3 anos para as mulheres. A Região Autónoma dos Açores foi aquela onde tanto homens, como mulheres se casaram mais cedo. 


Menos óbitos e a maioria ocorreu em idades avançadas

A maioria dos óbitos ocorreu em idades avançadas: 86,3% das mortes corresponderam a pessoas com 65 e mais anos e mais de metade (60,1%) a óbitos de pessoas com 80 e mais anos. Entre 2014 e 2023, foram registados decréscimos nas proporções de óbitos de pessoas com idades inferiores a 65 anos e com idades dos 65 aos 79 anos, de, respetivamente, 2,3 e 1,6 p.p. Em contrapartida, verificou-se um aumento de 3,9 p.p. na proporção de óbitos de pessoas com 80 e mais anos de idade.

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