A obra está em prestes a ser concluída e o plano é fazer, ainda este mês de setembro, uma inauguração com a presença do primeiro-ministro. "Nessa altura esperamos já ter a residência em condições de começar a operar", diz ao DN o pró-presidente do Instituto Politécnico de Beja, Jorge Raposo, durante a visita da imprensa às instalações do novo alojamento estudantil da instituição.Com investimento de cerca de 22 milhões de euros oriundos do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), financiado com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a residência tem 503 camas, distribuídas entre quartos individuais, duplos e estúdios. Além dos alojamentos, entre os quais há 15 adaptados para pessoas com deficiência, o espaço conta com zonas de convívio, estudo, cozinhas, refeição, lavandaria, ginásio, numa área total de 11 000 metros quadrados bem ao lado do campus do IP Beja..O valor a pagar por estudante vai variar de 100 a 120 euros, segundo Jorge Raposo, consoante a opção de quarto escolhida. "Um estudante aqui pode comer na cantina, paga 3 euros ou à volta disso. Portanto, para uma família que tem um estudante aqui em Beja fica mais barato do que ter em casa. Isto é uma realidade. Nós, na prática, estamos a tentar compensar também, nesta residência, aquilo que é o problema dos custos da interioridade", explica o pró-presidente.Atualmente, o politécnico de Beja tem 3.200 alunos e dispõe de 430 camas noutros prédios pela cidade. O aumento com a entrega da nova construção é de apenas 73 vagas, na prática, mas o impacto positivo poderá ser maior, segundo Jorge Raposo, visto que "a ideia é tentar libertar" as atuais "e concentrar nesta nova" todos os residentes, "consoante as necessidades dos alunos", explica. O resultado envolverá a uso das atuais residências, por exemplo, "para investigadores, para professores que venham para aqui", afirma o pró-presidente, "numa decisão que será conjunta, a partir da presidência", completa..Tanto Jorge Raposo como o presidente da Câmara Municipal de Beja, que também acompanha a visita, consideram que a nova residência será um fator de atratividade de alunos. Ambos recusam críticas após o anúncio da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior. Das 519 vagas abertas, em 14 licenciaturas, no IP Beja, 56% ficaram por preencher. "Neste contexto de dificuldade que os estabelecimentos, com as novas regras [do concurso], passaram a enfrentar, como é natural, os estabelecimentos de interior, porque são zonas de menor população, têm também uma dificuldade acrescida", afirma Paulo Arsénio.O autarca rebate "comentários que não são propriamente agradáveis" sobre a residência ficar "quase fantasma", sem ocupação pela quebra de novos alunos. "Não faz absolutamente sentido nenhum. Vamos ter uma residência com boas condições, com um método de construção inovador, e vai ser claramente uma mais-valia para Beja. Vai ser um exemplo para muitas outras localidades no futuro copiarem este mesmo modelo", completa Arsénio.Construção com inovaçãoA obra é executada pela construtora Casais, que também está à cargo da residência universitária Confiança, um projeto de reabilitação da antiga fábrica de sabonetes de Braga, pelo PNAES, com prazo de entrega para julho de 2026. Nos dois projetos, a empresa utilizada um método de construção híbrido, com o uso de betão em menor grau do que numa obra tradicional e com a montagem de elementos produzidos em fábricas distintas, que garante uma obra mais sustentável do ponto de vista ecológico e económico."A grande inovação é a mudança de raciocínio da forma como vamos construir os próximos edifícios. Neste projeto em concreto, durante a montagem de estrutura, tivemos oito fábricas a trabalhar para aqui. Ou seja, tínhamos componentes a chegar de oito sítios diferentes", explica José Mário Fernandes, administrador do Grupo Casais..Além disso, a modelagem do projeto feita digitalmente garante um melhor uso dos recursos nas obras, mas também depois, para a manutenção do prédio. "Se amanhã aparecer aqui uma fuga de água, pode acontecer qualquer coisa, antes de partir a correr e ver o que é que se passa lá em cima, eu vou ao digital saber o que é que está aqui por cima. Consigo saber exatamente qual é a válvula, qual é o tubo, quem produziu, quem assemblou tudo", diz José Mário Fernandes.A obra também conta com a parceria da Ikea, que entra com um investimento de 500 000 euros em todo o mobiliário da residência.A residência de Beja é a primeira construída de raiz pelo PNAES a ser financiada e concluída, num momento em que só 13% das camas previstas no plano nacional de alojamento estão concluídas.Estão em curso obras para a construção de mais de 14 mil camas, mas a execução destes projetos financiados pelo PRR tem de estar concluída no próximo ano. Há ainda 17 empreitadas por adjudicar..Casais acelera residência de estudantes em Braga com construção híbrida .Ensino Superior. Rendas dos quartos aumentam 9% em Lisboa e Porto