Morreu o alfaiate Ayres Carneiro da Silva. Vestiu Salazar e foi amigo de Pedroto
Neto anunciou este sábado a morte do avô. Tinha 93 anos.
Dizer que vestiu Oliveira Salazar e Sá Carneiro e foi amigo de José Maria Pedroto é redutor, mas serviu de cartão de visita ao mestre da tesoura.
Ayres Carneiro da Silva, que morreu este sábado, tinha 93 anos e deixa um legado na alfaiataria portuguesa que o neto mais velho não quer deixar esquecer. O velório decorrerá este domingo na Igreja Paroquial das Antas, no Porto, e o funeral no mesmo local na segunda-feira, pelas 10.30.
"Há uns dias, o meu avô disse-me que em breve iria fazer uma viagem sem destino! Sr. Ayres embarcou esta manhã em executiva na Air Sky em direção ao tal destino... só Deus sabe onde está!", anunciou o neto, Ayres Gonçalo, no Instagram.
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Nasceu a 26 de dezembro de 1929 e começou a coser com 12 anos e era considerado um dos maiores alfaiates de Portugal. Ele acreditava na arte de bem vestir e que a alma de um alfaiate é "grande", como disse à TSF em 2019, numa conversa em que passou o testemunho ao neto, que dele herdou a paixão e a tesoura comprada ao alfaiate do rei D. Carlos por 200 escudos.
Adepto feroz do FC Porto, orgulhava-se de ter sido amigo de José Maria Pedroto, o malogrado técnico portista que revolucionou o futebol português.
Para a organização do Portugal Fashion, partiu um "homem peculiar" e "um mestre na arte da alfaiataria, com uma gargalhada única que enchia qualquer sala. Um homem de talento, que não deixou nada por dizer. Um homem bom".