Morreu mais um militar do curso de Comandos
Dylan Araújo da Silva, um jovem de 20 anos de Ponte de Lima, estava internado desde o domingo passado
Morreu Dylan Araújo da Silva, um militar de 20 anos que integrava o curso de Comandos e que estava internado desde o início da semana, confirmou este sábado o ministro da Defesa. O jovem tinha entrado em falência hepática, depois de ter sido internado no domingo passado, o mesmo dia em que morreu Hugo Abreu, do mesmo curso.
Dylan Araújo da Silva foi transferido do Hospital do Barreiro para o Hospital Curry Cabral, na terça-feira, devido a um agravamento dos problemas no fígado e "indícios de rabdomiólise", ou seja, a destruição das fibras musculares que pode, em última instância, levar à morte. Encontrava-se em lista de espera para um transplante, com prognóstico reservado.
Numa cerimónia de inauguração do monumento em homenagem aos combatentes em Monforte, o ministro Azeredo Lopes deu conta da morte do militar dos comandos. "É com profundo pesar e consternação que o Exército informa que faleceu hoje, dia 10 de setembro de 2016, pelas 09:25 horas, o Soldado Dylan Araújo da Silva", lê-se também num comunicado do Exército.
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O documento acrescenta ainda que "neste momento de luto, dor e sofrimento para a família e para o Exército", o General Chefe do Estado-Maior do Exército, General Frederico José Rovisco Duarte, "transmitiu à família todo o apoio e solidariedade". O apoio psicológico aos familiares continua a ser assegurado através do Centro de Psicologia Aplicada do Exército, refere ainda o comunicado.
Há ainda dois militares do mesmo curso hospitalizados, na Unidade de Tratamentos Intensivos, "que se mantém estáveis, sem agravamento clínico e analítico", informou ontem o exército. Outros dois tiveram alta ontem.
Com a morte de Dylan Araújo da Silva são já dois os militares do 127.º curso de Comandos a morrer na sequência do primeiro fim de semana de treinos. Os incidentes ocorreram na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, segundo o Exército. O primeiro formando que morreu, Hugo Abreu, sentiu-se "indisposto durante uma prova de tiro" tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou "um golpe de calor".
O 127.º curso foi temporariamente suspenso, para proceder a uma nova avaliação clínica dos formandos. Os próximos cursos também foram suspensos até ficar concluído uma "Inspeção Técnica Extraordinária às provas de classificação e seleção para os Cursos de Comandos", revelou na quinta-feira o Exército.
O caso já desencadeou investigações na Justiça - instauradas quer pelo chefe do Estado-Maior do Exército, quer pela Procuradoria-Geral da República.
Questionado sobre as investigações em curso, o ministro da Defesa disse hoje que não irá fazer antecipações sobre eventuais conclusões quando ainda há trabalhos a decorrer. "Não vou antecipar, opinar sobre o andamento da investigação quando se acaba de saber que se perdeu uma vida", afirmou Azeredo Lopes, considerando "macabro e de mau gosto" eventuais considerações neste momento.
E reforçou: "O inquérito é para se saber o que se passou, saber serenamente e sem quaisquer outras intenções, mas nesta altura é um momento de enorme tristeza, morreu alguém, perdeu-se uma vida nas Forças Armadas e é isso que nos cabe fazer, silenciar, recolhermos e pensar naquele que partiu".
Já sobre a notícia do Expresso de que "Governo admite extinguir comandos", o ministro da Defesa recusou comentar diretamente, afirmando apenas que se estivesse sempre a desmentir notícias não verdadeiras não faria outra coisa.
"O Exército entendeu através do seu Chefe do Estado-Maior que não se iniciariam novos cursos até se fazer uma avaliação transversal sobre o seu funcionamento e sobre a formação", disse, acrescentando que aquele "entendeu, em relação ao curso que estava a decorrer, que não será reiniciado antes de serem feitos exames médicos a todos os que nele participarem".
Com Lusa