Morreu a terceira luso-israelita vítima do ataque do Hamas
Tair Bira, uma luso-israelita de 21 anos que estava desaparecida desde o ataque do Hamas a Israel, foi dada como morta, revelou este domingo a Comunidade Judaica do Porto. É filha de outro dos luso-israelitas que está desaparecido, Orin Bira, de 53 anos, e que se suspeita que terá sido raptado pelo grupo terrorista palestiniano a 7 de outubro.
A embaixada de Israel em Lisboa tinha revelado à CNN, de manhã, os nomes de quatro luso-israelitas que estão reféns do Hamas: Moshe Saadyan, de 26 anos, Gilad Bem Yehuda, de 28 anos, Idan Shtivi, de 28 anos e Orin Bira, de 53 anos.
O balanço da Comunidade Judaica do Porto acrescentava dois nomes: Liraz Assulin (Shitrit), de 38 anos, e Tair Bira, de 21 anos, filha de Orin Bira, dizendo num primeiro comunicado que ambas estavam desaparecidas, presumivelmente raptadas pelo Hamas. Num segundo comunicado, Tair Bira surge contudo como "assassinada".
A Comunidade Judaica do Porto, no comunicado assinado pelo presidente Gabriel Senderowicz, explica as origens portuguesas dos seis "para que os mesmos jamais sejam vistos como cidadãos portugueses de segunda categoria".
Liraz Assulin, a última desaparecida identificada, é "filha de Meiir Assulin e Rikva Shitrit, de famílias sefarditas tradicionais de Marrocos. Registos desta família estendem-se pelas comunidades do Norte de África, incluindo no talhão Portugal no cemitério judaico de Rabat, em Tânger", segundo a informação divulgada.
A Comunidade revelou também mais informação dos quatro desaparecidos identificados de manhã pela embaixada de Israel.
Moshe Saadyan é "filho de Vered Moshe (Zubi), de família sefardita tradicional do antigo Império Otomano, concretamente na Turquia e na antiga Palestina, cruzada com a família sefardita marroquina de apelido Bouskila".
Gilad Ben Yehuda é "filho de Sochi Gali Gavriel Eskenazi de família tradicional sefardita turca, que por centúrias conservou o uso do idioma Ladino, havendo registos desta família nas sinagogas portuguesas de Edirne e Adrianópolis ("Kahal Kadosh" Portugal e "Kahal Kadosh" Évora), bem como nas instituições judaicas de Esmirna, o "Kahal Kadosh Portugal" e a instituição "Dotar as Órfãs"".
Idan Shtivi é "filho de Dali Oron (Naftali Benveniste) de origem familiar búlgara. Nomes de família presentes nas antigas comunidades da Bulgária, Salónica ("Kahal Kadosh Portugal", "Kahal Kadosh Lisbon", "Kahal Kadosh Évora"), Esmirna ("Kahal Kadosh Portugal" e instituição "Dotar as Órfãs"), Marrocos, Tunísia, Hamburgo, Livorno e outras".
Finalmente, Orin Bira, pai de Tair Bira (entretanto dada como morta), é "filho de Simcha Kasorlla de família sefardita tradicional do antigo Império Otomano, concretamente nos Balcãs, ex-Jugoslávia, com prática habitual do ladino que mistura palavras dos idiomas português, castelhano, turco, grego e hebraico".
A Comunidade Judaica do Porto lembra também as outras duas luso-israelitas que já tinham sido dadas como mortas pelo Hamas.
Dorin Atias, de 22 anos. "Apelidos de família presentes nas comunidades judaicas de origem portuguesa em Esmirna, Salónica, Bulgária, Livorno e outras. Na forma Athias, o apelido é comum entre os judeus que, nos séculos XIX e XX, vindos de Gibraltar e Marrocos, regressaram a Portugal, tendo acabado sepultados no cemitério britânico da Estrela e nos cemitérios judaicos de Lisboa e Faro".
E ainda Rotem Neumann (Kadosh), que tinha 25 anos. "Descendente de judeus sefarditas de origem portuguesa, por via paterna e materna, de famílias tradicionais sefarditas do Mediterrâneo e dos Balcãs", segundo o comunicado da Comunidade Judaica.
É ainda lembrado outro luso-israelita, que se encontra ferido no hospital Hadassa. Menachem Hillel Ben Kalifa, de 22 anos, "filho de Rephael Ben Kalifa (Attar / Assayag), que é filho de Miriam Attar Assayag, de família da comunidade sefardita tradicional de Marrocos. Nos séculos XIX e XX, elementos desta família regressaram a Portugal, havendo registos dos seus nomes nos cemitérios judaicos de Lisboa e Açores".