159 mortes. Novo máximo de óbitos em dia com 10663 novos casos

Internamentos e doentes em unidades de cuidados intensivos batem recordes. Há mais mulheres infetadas, mas morrem mais homens. Três faixas etárias mais jovens (até aos 49 anos) concentram um terço das novas infeções.
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No primeiro dia do novo confinamento, Portugal regista um novo máximo de mortes diárias por covid-19. Segundo o boletim epidemiológico da Direção Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira mais 159 pessoas perderam a vida devido ao novo coronavírus (mais 11 do que na véspera). São mais três mortes do que o recorde de óbitos até hoje (156), registado no dia 13 de janeiro.

É o oitavo dia seguido com mais de 100 mortes diárias. Das 159 pessoas que morreram na quinta-feira - 109 mortes tinham 80 anos ou mais - 65 foram declarados na região de Lisboa e Vale do Tejo. O Norte reportou 35, o Centro 34, o Alentejo 15 e o Algarve 10. Nos Açores e na Madeira não foi declarado nenhum óbito. O total de óbitos é agora de 8543.

O número de novos casos mantém-se acima dos 10 mil, embora registe uma ligeira descida face a quinta-feira. Há hoje mais 10 663 pessoas infetadas, menos 35 do que no dia anterior. É o segundo pior dia de sempre. Portugal totaliza até agora 528 469 casos desde o início da pandemia (março de 2020).

A maior parte dos novos casos de infeção está na faixa etária dos 40 aos 49 anos (1786 dos 10 663), sendo que 1079 dos novos casos se referem a jovens entre os 10 e os 19 anos. E há mais 695 bebés e crianças com até 9 anos infetados. Os seja, as três faixas etárias mais jovens concentram um terço das novas infeções.

Olhando para o perfil demográfico dos infetados e óbitos percebe-se que há mais mulheres infetadas (290 442 contra 237 853 homens), mas a mortalidade é superior nos homens (4435 contra 4108).

Os internamentos sobem há quase 15 dias consecutivos e com novos máximos. De acordo com o boletim, há agora 4560 pessoas internadas em enfermaria com covid-19, mais 192 do que na véspera. Portugal passou assim a barreira dos 4500 internados e nunca houve tantas pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos. Portugal tem 622 doentes em UCI, mais 11 do que o dia anterior.

Nas últimas 24 horas mais 6458 pessoas recuperaram da doença (total é agora de 394 065). Quanto aos casos ativos não param de crescer há 17 dias - mais 4064, num total de 125 861 - e os infetados sob vigilância subiram para 142 740, depois de mais 3748 entrarem no sistema.

Segundo dados apresentados na reunião do Infarmed (terça-feira) o aumento de infeções em Portugal reflete a subida do valor médio do R(t), sendo que a região do Algarve é a que apresenta o valor mais elevado de transmissibilidade (1,29).

Os dados recolhidos entre 2 e 6 de janeiro dizem que o valor médio do R(t) em Portugal se fixou nos 1,22, o que significa que cada doente covid-19 estava a infetar em média mais do que uma pessoa. Porém, quando esse valor for atualizado deve ser bem superior uma vez que os casos diários têm subido vertiginosamente, passando a barreira das 10 mil infeções diárias.

Portugal continental entrou esta sexta-feira, às 00.00, num novo confinamento geral, devido ao agravamento da pandemia de covid-19, com os portugueses sujeitos ao dever de recolhimento domiciliário, mas mantendo as escolas com o ensino presencial.

No âmbito da modificação do estado de emergência no país, o Governo determinou na quarta-feira um conjunto de medidas extraordinárias que vão vigorar até às 23.59 de 30 de janeiro para "limitar a propagação da pandemia e proteger a saúde pública" e que estão previstas no decreto que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinou.

O dever geral de recolhimento domiciliário, em que "a regra é ficar em casa", prevê deslocações autorizadas para comprar bens e serviços essenciais, desempenho de atividades profissionais, frequência de estabelecimentos escolares, prática de atividade física e desportiva ao ar livre ou participação no âmbito da campanha eleitoral ou da eleição do Presidente da República.

O confinamento estabelece o encerramento de barbearias e cabeleireiros, o mesmo acontece com restaurantes e cafés (exceto para take-away e entrega ao domicílio). Estabelecimentos culturais, ginásios, pavilhões e outros recintos desportivos também fecham.

Os tribunais mantêm-se abertos, assim como os serviços públicos, mas mediante marcação. As feiras e mercados podem realizar-se, mas "nos casos de venda de produtos alimentares".

Vão ser permitidas ainda as cerimónias religiosas, como as missas, embora a Igreja já tenha comunicado que estão suspensos os batismo, os casamentos e os crismas. Os campeonatos nacionais de futebol profissional mantêm-se, mas sem público. Ao contrário do confinamento do ano passado, os dentistas também vão permanecer em funcionamento.

Ainda no encerramento do comércio, os supermercados, mercearias, farmácias e postos de combustível estão entre as exceções.

Portugal prorrogou até final do mês de janeiro as medidas restritivas relativas ao tráfego aéreo de fora da União Europeia e do Espaço Schengen, que continua limitado a "viagens essenciais" e sujeito a teste prévio negativo à covid-19.

Segundo o despacho publicado em Diário da República, as medidas que vigoravam inicialmente até final de dezembro passado estendem-se até final do mês de janeiro e o documento pode ser revisto "em qualquer altura, em função da evolução da situação epidemiológica".

Assim, o tráfego aéreo com destino e a partir de Portugal continental de todos os voos de e para os países que integram a União Europeia vai continuar autorizado, assim como dos países associados ao Espaço Schengen (Liechtenstein, Noruega, Islândia e Suíça).

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