Ministro da Saúde diz que portugueses podem sentir-se seguros em relação à covid-19

Manuel Pizarro reconhece que há um maior aumento da incidência da covid-19 em vários países, mas "não parece haver mais gravidade". O ministro desejou ainda não ter sido mal interpretado em relação aos efeitos da greve dos farmacêuticos nos tratamentos oncológicos.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou esta quinta-feira que os casos de internamento e de mortes devido à covid-19 são "fatores de atenção", mas assegurou que neste momento "não há nenhuma razão" para que os portugueses se sintam inseguros.

"Há motivos de atenção, mas não de preocupação", afirmou Manuel Pizarro, quando questionado à margem da conferência "Saúde: Novos Caminhos, um Desígnio Comum", em Lisboa, sobre o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países se prepararem para o aumento de infeções e hospitalizações devido à covid-19.

Manuel Pizarro disse que há indicação que está a haver um maior aumento da incidência da covid-19 em vários países mas, afirmou,"não parece haver mais gravidade".

"Não parece que esta nova variante se traduza numa doença mais grave nem parece que esta nova variante consiga escapar ao efeito da vacina, o que quer dizer que a prioridade continua a ser a mesma prioridade que temos até hoje, que é fazer com que as pessoas se vacinem", disse o governante.

Desse ponto de vista, sublinhou, "felizmente as coisas estão a correr bastante bem", aludindo à campanha de vacinação que está a decorrer contra a covid-19 e contra a gripe.

O ministro da Saúde destacou, a este propósito, que mais de 1,6 milhões de portugueses já se vacinaram contra a gripe.

Adiantou ainda que 1,5 milhões de portugueses já se vacinaram contra a covid-19 "em todas, ou praticamente todas, as unidades residenciais para pessoas idosas e unidades da rede Cuidados Continuados".

Segundo o ministro, as pessoas que ainda não foram vacinadas nestes locais "é apenas porque não há indicação clínica".

No seu entender, estes dados indicam que estão a fazer "aquilo que é essencial" para prevenir a doença, que "é continuar a usar a vacina".

Questionado sobre se o aumento de casos, de internamentos e mortos com a aproximação do Inverno gera preocupação, Manuel Pizarro insistiu que "são fatores de atenção", realçando que o número de internamentos em enfermaria geral e em cuidados intensivos e os números da mortalidade são praticamente idênticos nas últimas semanas em Portugal.

"Acho que o que posso dizer com garantia é que não houve nenhuma mudança notável depois de termos decidido, do meu ponto de vista de forma muito adequada, e com toda a base técnica e científica, interromper o estado de alerta", vincou o governante.

Ressalvou, contudo, que é uma situação que tem que ser acompanhada diariamente.

"Como dissemos na altura, esta situação epidemiológica, como qualquer situação que tenha um risco de gravidade do ponto de vista da saúde pública, tem que ser acompanhada dia a dia, de forma a que os portugueses se possam continuar a sentir seguros e, neste momento, não há nenhuma razão para que não se sintam seguros", rematou Manuel Pizarro.

A OMS advertiu na terça-feira que a Europa registou 1,4 milhões de infeções e 3.250 mortes na última semana, um novo aumento da covid-19 que obriga os países a preparem-se para um crescimento de casos e hospitalizações.

Para responder a este aumento de pressão sobre os serviços de saúde, a OMS avançou com cinco "estabilizadores pandémicos", medidas que considera críticas para proteger a população europeia nos próximos meses.

Entre estas medidas estão o aumento da vacinação da população em geral e a administração de uma segunda dose de reforço a pessoas imunocomprometidas a partir dos cinco anos e aos seus contactos próximos.

Além disso, a OMS recomenda o uso de máscaras no interior e nos transportes públicos, a ventilação de espaços públicos e lotados, como escolas, escritórios e transportes públicos, e a aplicação de protocolos terapêuticos rigorosos para pessoas em risco de doença grave.

Ministro espera não ter sido mal interpretado sobre greve dos farmacêuticos

O ministro da Saúde fez votos de não ter sido mal interpretado quanto aos efeitos da greve dos farmacêuticos nos tratamentos oncológicos e manifestou satisfação por não terem sido suspensos tratamentos na maioria das instituições.

"Fico muito satisfeito porque na maioria das instituições foi possível fazer esta combinação e confio muito que onde isso não aconteceu vão ser tomadas medidas para que isso seja corrigido", afirmou Manuel Pizarro

Estas declarações surgem depois de o ministro ter acusado na quarta-feira os farmacêuticos de, com a greve, terem provocado a suspensão de tratamentos oncológicos, uma acusação rejeitada pelo sindicato que convocou a paralisação e pela Ordem dos Farmacêuticos.

Questionado sobre como explicava que tendo havido greve em todo o país, apenas em Lisboa foi suspenso o início de alguns tratamentos, o governante respondeu: "Eu fico muito contente quando é possível conjugar duas coisas que eu reconheço que no setor da saúde é difícil de conjugar".

"É difícil conjugar o evidente direito dos profissionais a lutarem por aquilo que entendem ser as suas condições laborais - esse é um direito que todos têm -- (...) com a obrigação ética de, com isso, não comprometer o tratamento, sobretudo quando estamos a falar de doenças graves e até assustadoras para as pessoas, como são as doenças oncológicas", argumentou Manuel Pizarro.

Ressalvou ainda não querer "ser mal interpretado", mas insistiu que "os farmacêuticos têm (...) um enorme compromisso ético".

"Se num ou noutro momento isto não correu bem, eu tenho a certeza que vai correr bem nas próximas vezes", vincou, sublinhando que a sua principal preocupação é "garantir que os doentes são tratados de forma adequada", disse o ministro.

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