Finanças contrata Sérgio Figueiredo como consultor de políticas públicas
O antigo jornalista vai fazer a avaliação e monitorização das políticas públicas. Contrato, por ajuste direto, terá a duração de dois anos e salário é equiparado ao dos ministros. BE fala em "pagamento de favores" e PSD em "promiscuidade".
O antigo diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo foi contratado pelo gabinete de Fernando Medina para fazer a avaliação e monitorização do impacto das políticas públicas, segundo avançaram o jornal Público e o Jornal de Negócios. Bloco de Esquerda, pela voz de Pedro Filipe Soares, fala em "pagamento de favores" enquanto o deputado do PSD, Duarte Pacheco, em "promiscuidade".
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O Ministério das Finanças confirmou ao Público que "contratou os serviços de Sérgio Paulo Jacob Figueiredo para prestar serviços de consultoria no desenho, implementação e acompanhamento de políticas públicas, incluindo a auscultação de partes interessadas na economia portuguesa e a avaliação e monitorização dessas mesmas políticas".
O também antigo administrador da Fundação EDP irá auferir de um rendimento mensal bruto de 4767 euros, ou seja, "uma remuneração equiparada e limitada ao vencimento base do ministro das Finanças, transpondo para o contrato de consultoria o limite previsto na lei para o enquadramento remuneratório de membros de gabinetes ministeriais", esclarece o gabinete de Medina ao Público.
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Sérgio Figueiredo já assumiu funções no final de julho e, escreve ainda o diário, o contrato, por ajuste direto, terá a duração de dois anos, não tendo sido ainda publicado no portal Base.
A contratação é "absolutamente criticável", escreveu Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, nas redes sociais, lembrando que o atual ministro das Finanças foi contratado para ser comentador da TVI quando Sérgio Figueiredo era o diretor de informação da estação de Queluz de Baixo.
"Medina vai pagar uma avença ao amigo que já lha pagou na TVI. As escolhas públicas não podem estar reféns de redes de amigos ou do pagamentos de favores. Mais um exemplo do pântano das maiorias absolutas", declarou o deputado numa publicação no Twitter.
Pedro Filipe Soares referiu ainda que a contratação de Sérgio Figueiredo é também um "exemplo de como o Governo escolhe pagar bem a subserviência e a lealdade política, enquanto rejeita valorizar a competência e a idoneidade na Administração Pública".
Termina ao afirmar que esta contratação é uma das marcas que provam que o PS "se confunde com o Estado: não quer bons trabalhadores, prefere boys e girls".
É também exemplo de como o Governo escolhe pagar bem a subserviência e a lealdade política, enquanto rejeita valorizar a competência e a idoneidade na Admin. Pública.
São as marcas de um partido que se confunde com o Estado: não quer bons trabalhadores, prefere boys e girls (2/2)
À TSF, o deputado do PSD Duarte Pacheco fala em "grande promiscuidade entre o PS e o Governo com alguns órgãos de comunicação social", referindo-se a um caso de "defendem-me hoje e eu trato da tua vida amanhã".
"Troca de simpatias", diz dirigente da Associação Frente Cívica
O social-democrata, que afirmou conhecer pessalmente Sérgio Figueiredo, defende que "só fica mal" ao ex-diretor de informação da TVI ter aceite o convite para o gabinete do ministro das Finanças.
Duarte Pacheco referiu ainda que "não é de estranhar" o convite a Figueiredo "porque o Governo de António Costa só se preocupou, desde o início, com o problema da comunicação".
Também em declarações à TSF, João Paulo Batalha, da Associação Frente Cívica, refere-se a uma "troca de simpatias" entre duas pessoas que se dão muito bem. Considera que a forma como Sérgio Figueiredo foi contratado afasta qualquer possibilidade de escrutínio da capacidade do antigo jornalista para avaliar políticas públicas.
"É preciso perceber se as pessoas que estão a ser pagas com dinheiro dos contribuintes têm currículo e competências para fazer o trabalho que lhes está atribuído", defende. Esta contratação "permite deliberadamente esconder esse currículo, porque se estivesse a ser contratado para assessor do Gabinete do Ministro, o currículo teria de ser publicado e seria interessante perceber como é que o Governo justificaria" a escolha.
Para João Paulo Batalha, o facto de o antigo jornalista e ex-administrador da Fundação EDP ir receber o mesmo que o ministro "mostra que Medina o quer elevar a uma pessoa com enorme relevância no seu gabinete"
Notícia atualizada às 13:35