O “aumento notável” de incêndios de grandes dimensões (ou seja, com mais de 10 mil hectares de área ardida) levou a que, até 30 de novembro, 2025 já tivesse entrado para a história como o quarto ano com mais área ardida desde o início do século, com um total de 270 mil hectares. Os dados constam do relatório preliminar do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), parte da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF). Tal como o DN noticiou na altura, em agosto, o cenário era pior e até esse momento, 2025 era o segundo pior ano desde 2017, quando se registaram os violentos incêndios em Pedrógão Grande.De acordo com o documento, estes fogos de grande dimensão foram 59% do total dos incêndios registados este ano. Isto explica, em parte, que 2025 seja o quarto pior ano em área ardida ainda que tenham sido registadas menos ignições (8284) em Portugal. Segundo os dados da AGIF, as zonas Norte e Centro foram as mais afetadas pelas chamas este ano. Em particular, o concelho de Freixo de Espada à Cinta (Bragança), onde arderam 11.471 hectares num incêndio registado no dia 15 de agosto. Já o fogo em Ponte da Barca (cuja investigação continua em curso) afetou 7164 hectares, com o incêndio de Vila Real (provocado por incendiarismo, segundo a AGIF) a ser o terceiro mais grave, com 5867 hectares de área ardida. A agência destaca ainda que em 2025 “ocorreram 44 incêndios com mais de 500 hectares de área ardida”, o que se traduz em apenas 0,5% do número total de fogos, mas representa 91% de todos os hectares queimados.No relatório, a AGIF destaca ainda que 34% do total de incêndios foi causado por incendiarismo, representando um total de 15% da área ardida. Dos 8284 focos de incêndio registados em 2025, 23% continuam sob investigação. Já os fogos provocados por raios foram apenas 5%, mas claramente mais violentos, uma vez que representam 32% de toda a área ardida.Na mesma análise, a agência conclui ainda que a maior parte da área afetada foram matos (52%), seguida das florestas (38%) e áreas agrícolas (10%).Além disso, o relatório preliminar da AGIF confirma também que 84% destes incêndios ocorreram em áreas de perigosidade alta ou muito alta, definidas no decreto-lei que criou o SGIFR. Em 2024, o DN noticiou que, incluída nesse decreto estava a elaboração de uma carta de risco de incêndio rural. Se sobrepusessem as de maior risco com o mapa dos incêndios desse ano, havia uma correspondência..Mapa que identificou zonas de maior risco e exigia atuação de autarquias nunca entrou em vigor.Este ano, morreram seis pessoas na sequência dos incêndios.Uso do fogo diminui, fogos acidentais crescem De acordo com o relatório preliminar, os dados já apurados mostram ainda que houve uma redução acentuada no número de ocorrências causadas por uso do fogo desde 2017 (-45%). No entanto, os fogos provocados por incendiarismo aumentaram 16% face a 2024. Os incêndios causados de forma acidental também cresceram (5%) em relação ao ano passado.A análise do SIGFR mostra ainda que 2025 foi o quinto ano com maior severidade meteorológica. Em particular, o mês de agosto, que registou “o mais longo período de dias consecutivos com condições propícias à ocorrência de grandes incêndios”. Ao todo, foram 29 dias nestas circunstâncias, iniciados a 23 julho e terminados a 20 de agosto..Fogos de 2024 e 2025 revelaram “falhas de coordenação”