O presidente do Sindicato Independente dos Médicos afirma que dificilmente será possível cumprir a emissão de atestados médicos para cartas de condução nos centros de saúde a partir de abril..O presidente do Sindicato, Carlos Arroz, escreveu ao diretor-geral da Saúde a avisar sobre os impedimentos que podem levar à não-emissão dos atestados para as cartas de condução.."Estando consciente de que o eventual impedimento para emitir atestado para a carta de condução (...) me poderá colocar em situação disciplinar, tomo a liberdade de, por este meio, livre e atempadamente o comunicar", escreve o presidente do SIM na carta que foi divulgada no site do Sindicato..A partir de abril, os atestados médicos vão passar a ser transmitidos eletronicamente pelo Ministério da Saúde ao Instituto da Mobilidade e Transportes, permitindo o registo automático da avaliação médica efetuada ao condutor, com eventual registo das restrições..O presidente do SIM avisa que as instalações em que trabalha como médico de família "não cumprem as normas regulamentares em termos de condições estruturais e de mobiliário"..Acrescenta ainda que é difícil realizar o exame necessário já que o gabinete médico não é e nunca foi dotado do equipamento médico que é referido na orientação emitida pela Direção-geral da Saúde (DGS) para dar cumprimento ao diploma legal.."Porque o acesso a eventuais pareceres necessários esbarra na dificuldade de marcação de consulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as especialidades mais requeridas (oftalmologia, cardiologia, neurologia, psiquiatria, otorrinolaringologia) ", é outro dos argumentos invocados pelo presidente do Sindicato dos Médicos..Carlos Arroz acrescenta ainda que pode também ficar em causa a relação médico-doente que os médicos de medicina geral e familiar vão sedimentando..Já em fevereiro, um grupo de médicos de família tinha lançado um alerta público manifestando-se contra a emissão de atestados para a carta de condução nos centros de saúde, considerando que pode bloquear a atividade das unidades e que é incompatível com o seu trabalho..Estes médicos consideravam que os centros de saúde não estão vocacionados para fazer a avaliação para o atestado que está estipulada pela atual legislação, nomeadamente o exame de audição e de visão..Outra das queixas tem a ver com o tempo necessário para realizar o tipo de peritagem que é requerida para o atestado para a carta: "é absolutamente incompatível com a organização da atividade assistencial das unidades de cuidados de saúde primários".