Médicos de família britânicos desmentem ministro Manuel Heitor
Manuel Heitor tinha referido numa entrevista ao DN que a formação de um médico de família não exigia o mesmo nível do que outras especialidades, dando como exemplo o Reino Unido. Associação Profissional dos Médicos do Reino Unido responde.
Na sequência da entrevista de Manuel Heitor ao DN, na qual o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou que a formação de um médico de família não exigia o mesmo nível que a de um especialista em oncologia ou doenças mentais, dando como exemplo o Reino Unido, eis que agora de Inglaterra surge uma dura resposta, com a Associação Profissional dos Médicos do Reino Unido a tecer duras críticas ao governante português, e a desmentir tal situação, noticia a TSF.
Relacionados
Samira Anane, representante dos profissionais de medicina geral da British Medical Association, garante que é "completamente incorreto descrever a formação dos médicos de medicina geral no Reino Unido como menos exigente do que a de outras especialidades médicas". E adiantou que o ministro fez um "desserviço" aos médicos de família que trabalham em todo o Reino Unido com as declarações prestadas, alegando que estes profissionais são reconhecidos como especialistas em medicina geral.
"Para praticar medicina geral no Reino Unido, os estudantes de medicina - que recebem a mesma formação universitária, independentemente do ramo que pretendem seguir - têm de completar dois anos de formação base", e depois completar um mínimo de "três anos de especialidade de medicina geral", passar nos requisitos para se tornarem membros do Royal College of General Practitioners (o corpo profissional dos clínicos gerais no Reino Unido), e ter um certificado de conclusão de formação emitido pelo Conselho Médico Geral (o órgão público que mantém o registo oficial dos médicos no país), lembra Samira Anane.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Em Portugal, as declarações do ministro também mereceram fortes críticas. O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, confessou mesmo que ficou "escandalizado por dois ou três motivos, nomeadamente por uma das afirmações que o senhor ministro faz sobre diminuir a exigência na medicina geral e familiar"
"Aquilo que propõe, infelizmente, é um retrocesso de 40, 50 anos nesta especialidade em termos de exigência", sublinhou Carlos Cortes.
O dirigente salienta que "hoje existe uma especialidade reconhecida a nível internacional, muito bem delineada, muito bem firmada, com um currículo muito específico, e o ministro quer que se volte ao passado, em que para se fazer medicina de família não era preciso ter uma especialidade diferenciada".