Mau tempo. GNR queixa-se de quem infringe sinalização

Proteção civil registou ocorrências em todo o litoral norte a partir de Lisboa, em especial no distrito de Viana do Castelo. Militares tiveram que mergulhar "num lago" na estrada para resgatar idosos que ignoraram fita vermelha.
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Um casal de idosos não respeitou os sinais de proibição de passagem na Estrada Nacional 13 em Vila Nova de Anha, Viana de Castelo, e o carro em que seguiam ficou submerso. Acabaram por ser resgatados por dois militares da GNR que, neste primeiro dia de 2023, não tiveram mãos a medir.

Este distrito e o do Porto foram os mais afetados pela chuva intensa, que provocou inundações, corte de estradas, queda de árvores e de construções. A proteção civil registou 919 ocorrências no país até ao fim do dia deste domingo.

"Havia sinalização, fitas vermelhas a indicar que não se pode passar, mas, mesmo assim, um casal com cerca de 70 anos tentou ultrapassar o manto de água. As pessoas não devem avançar se virem uma estrada com muita água. E se estiverem numa situação em que não possam voltar para trás devem comunicar às autoridades que se deslocarão ao local para os ajudar", apela o capitão Pedro Costa, do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo. Muitas das situações que ocorreram deveram-se a sinalizações não respeitadas.

As chuvas intensas durante a noite e dia levaram ao corte de várias estradas em Viana do Castelo. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou 214 incidentes no distrito. A precipitação fez transbordar rios e ribeiras, derrubou tabiques e a muralha da fortaleza de Valença, inundou casas e garagens, nomeadamente no Lar da Santa Casa de Misericórdia. Alguns automóveis também ficaram danificados.

"Os casos mais preocupantes", segundo o capitão Costa, foram a Estrada Nacional 301 (Argela-Caminha), a EN 101 (Mazedo-Moção) e a EN 13 (troço 1 e 3). Ao fim do dia, fazia-se o balanço dos estragos para proceder às operações de limpeza e à recuperação dos pavimentos. Tarefa que será coordenada entre a ANEPC e os municípios afetados, em especial os de Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença.

Segundo a agência Lusa, vários autarcas do distrito ponderam pedir ajuda ao Governo para fazer face aos estragos. O presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, estima prejuízos "avultados", razão pela qual pensa dirigir-se ao Ministério da Administração Interna. O autarca de Valença, José Manuel Carpinteira, sublinha que a fortaleza é considerada o "cartão-de-visita" da cidade, classificada como Monumento Nacional desde 1928. Vai pedir apoio à Direção-Geral de Cultura do Norte. E o da Câmara de Caminha, Rui Lages, vai contactar "muito em breve" a ministra da Coesão Territorial para "dar conta dos danos".


A ANEPC registou até à hora do fecho desta edição 919 ocorrências no país, mas mais concentradas na faixa litoral entre os distritos de Lisboa e de Viana do Castelo. "Houve momentos em que a precipitação atingiu os 120 milímetros de água em quatro horas, o que é uma situação excecional", salientou ao DN o comandante Paulo Santos. Não há registo de vítimas.

Além de Viana do Castelo, também o distrito do Porto foi particularmente afetado - registou 212 ocorrências. Houve várias vias cortadas devido ao transbordo do caudal do rio Ave, nomeadamente a EN 14. Segue-se o de Leiria, com 113 incidentes.

O mau tempo afetou, ainda, a circulação de comboios na linha do Norte, com constrangimentos entre Souselas e Pampilhosa. A Linha do Douro esteve suspensa entre Marco e Régua, informou a Lusa a Infraestruturas de Portugal (IP).

"A chuva intensa, o vento e a agitação marítima, tudo conjugado com a pressão atmosférica, provocou inundações, deslizamento de terras e quedas de estruturas", explicou o comandante Paulo Santos. Um balanço ao fim do dia, quando a precipitação dava algumas tréguas, sem parar de chover. Caía com maior intensidade no Alentejo interior.

Às 18.00, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera retirou o aviso de alerta vermelho e pintou de verde o Litoral centro e norte. As regiões do Interior, o Alentejo e o Algarve tinham avisos amarelos. Esta segunda-feira, há previsão de chuva mas sem grande intensidade, com todo o país verde no que diz respeito às condições climatéricas. Prevê-se uma descida de temperatura.

ceuneves@dn.pt

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