Os estudantes migrantes matriculados no sistema educativo português têm um conhecimento de origem limitado da língua portuguesa. Segundo o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, “embora cerca de metade dos alunos estrangeiros tenha nacionalidade brasileira e 72% dos alunos estrangeiros tenham nacionalidade de um país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), um pouco mais de 1 em cada 4 alunos estrangeiros matriculados no sistema educativo português tem um conhecimento de origem limitado da língua portuguesa”. “Em alguns casos, em resultado de fluxos migratórios recentes, há alunos estrangeiros que desconhecem até o alfabeto português, não tendo qualquer familiaridade com a língua portuguesa e, consequentemente, enfrentam uma barreira linguística mais difícil de ultrapassar”, pode ler-se no documento que o DN consultou.Por isso, para além da contratação de mediadores, nas prioridades do MECI para este ano letivo estava também a revisão da disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM), estando já em vigor o Nível Zero, “para alunos cuja proficiência está num estádio anterior ao nível A1, ou seja, uma iniciação absoluta à língua portuguesa, na forma oral e escrita”. A documentação revista já foi enviada às instituições escolares, com um guião orientador.Nessa nota informativa às escolas, o ministério liderado por Fernando Alexandre efetiva a revisão em alta do número de mediadores para apoiar alunos estrangeiros, passando de 272 inicialmente previstos para 287, conforme o DN já tinha avançado em dezembro.Ainda segundo o MECI, o aumento de contratações foi revisto tendo em conta os dados provisórios de alunos estrangeiros matriculados no atual ano letivo: mais 14 mil, dos quais 3800 provenientes de países de língua não portuguesa.Papel do mediador linguístico e cultural nas escolas Os mediadores linguísticos e culturais trabalham com os alunos, com os professores e, sempre que necessário, com outros profissionais da Educação e com as famílias. Segundo o MECI, “integram as equipas de trabalho pedagógico e devem, sempre que for pertinente, colaborar com os professores em contexto de sala de aula”. “Nesse sentido, os mediadores não são animadores de atividades no período do recreio ou meros tradutores, mas sim profissionais que trabalham ao lado dos professores, em prol de todos os alunos”, esclarece o documento a que o DN teve acesso.