Jogo 'No Mercy' que incentiva ao incesto e violência sexual foi retirado da plataforma Steam
FOTO: No Mercy, Steam

Jogo 'No Mercy' que incentiva ao incesto e violência sexual foi retirado da plataforma Steam

A empresa que criou o jogo que desafia os utilizadores a tornarem-se no “pior pesadelo das mulheres” lamenta que “infelizmente, muitas pessoas confundem ficção com realidade".
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O jogo No Mercy, que desafia os utilizadores a tornarem-se no “pior pesadelo das mulheres” num universo de incesto, violação e violência sexual, não está esta sexta-feira disponível na plataforma Steam Portugal, após ter sido retirado pela Zerat Games.

“Tomámos a decisão de retirar o No Mercy da Steam”, lê-se num comunicado da Zerat Games, responsável pela criação disponibilizada na Steam, depois de, na quinta-feira, terem surgido várias notícias em Portugal sobre o jogo que desafia os utilizadores a “não aceitar um não como resposta”.

No comunicado, a Zerat pede desculpas a quem considera que “o jogo não devia ter sido criado”, solicitando maior abertura “aos fetiches humanos que não prejudicam ninguém, mesmo que te pareçam nojentos”.

“Isto continua a ser apenas um jogo e, embora muitas pessoas estejam a tentar transformá-lo em algo mais, continua a ser e continuará a ser um jogo”, acrescentam.

Lembrando que o jogo já tinha sido bloqueado na Austrália, Canadá e Reino Unido, a Zerat diz que não tenciona “lutar contra o mundo inteiro” e que não quer causar problemas à Steam.

“Caro Mundo. Tem havido muito barulho sobre o jogo No Mercy. [...] Foram muitas vezes repetidas informações falsas sobre o conteúdo do jogo. As pessoas criaram vídeos e falaram com grande convicção de coisas que não estavam no jogo”, afirma a Zerat no comunicado.

A criadora do jogo refere ainda que, “infelizmente, muitas pessoas confundem ficção com realidade, criando histórias fabricadas em que as pessoas que jogam No Mercy saem para a rua e cometem atos vis”.

O Centro Nacional de Exploração Sexual dos Estados Unidos (NCOSE) pediu na quarta-feira a retirada global do videojogo No Mercy devido a conteúdos “perturbadores”.

O jogo estava na quinta-feira disponível na plataforma portuguesa, por 11,79 euros.

O NCOSE instou a Steam a removê-lo da sua plataforma, alertando que “promove violência sexual explícita, incesto, chantagem e dominação masculina, incentivando explicitamente os jogadores a se envolverem em atos não consensuais e comportamento misógino”.

“O jogo continua disponível globalmente, inclusive nos Estados Unidos, perpetuando a sua influência prejudicial sobre milhões de usuários, incluindo menores que podem facilmente burlar as medidas de verificação de idade”, lamentou.

Movimento de Mulheres faz queixa junto do Ministério Público contra jogo “No Mercy”

O Movimento Democrático de Mulheres vai apresentar queixa ao Ministério Público e junto da Comissão para a Igualdade de Género contra os autores do jogo “No Mercy”, que desafia os utilizadores a tornarem-se no “pior pesadelo das mulheres”.

Em comunicado, O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) defende que o videojogo “promove a violência sexual e misoginia” e exige, por isso, que as plataformas tecnológicas sejam responsabilizadas.

Nesse sentido, o MDM “avança com participação junto da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) e da Procuradoria-Geral da República, com vista à responsabilização dos autores e à salvaguarda dos direitos fundamentais das mulheres”.

Sustenta que o conteúdo do videojogo constitui “uma grave incitação à violência contra as mulheres, normalizando práticas de ódio e discriminação que violam princípios constitucionais e legais fundamentais”.

“A existência de jogos como “No Mercy”, recentemente disponível na plataforma “Steam”, é reveladora de uma cultura que alimenta e normaliza a violência sexual contra as mulheres e raparigas, e com ela lucra economicamente.

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