IURD garante: "Nada de negativo aconteceu ou acontecerá" ao Cinema Império
A Igreja Universal do Reino de Deus, que é inquilina no prédio do antigo Cinema Império há mais de 30 anos, manifestou-se pela primeira vez desde que a Câmara Municipal de Lisboa decidiu, na semana passada, alterar a função do equipamento de uso cultural para uso religioso. "Se o imóvel está hoje em muito melhor estado de conservação e ainda hoje é visto como 'emblemático' é precisamente porque a IURD dele cuida há mais de 30 anos, mantendo e defendendo a genuína traça do mesmo, tendo aí investido as verbas necessárias à sua conservação. Ontem, hoje e sempre", afirma a direção da igreja em resposta ao DN.
A decisão da CML motivou milhares de pessoas. Até ao momento, mais de 12 mil cidadãos assinaram a petição da Academia Portuguesa de Cinema intitulada "Salvemos o Cinema Império", lançada online no início desta semana. No texto da petição, a associação afirma que "o futuro deste património está em risco" e que a conversão de equipamento cultural para equipamento religioso trará "diversas alterações estruturais" que considera "alarmantes".
Em resposta à Lusa, a Câmara garantiu que não há risco de desaparecimento do Cinema e que a proposta aprovada pela autarquia visa, "essencialmente, legalizar adaptações e ampliações já realizadas no edifício", preservando alguns "símbolos identitários".
Ao DN, a Igreja Universal diz que as obras que serão feitas são necessárias para melhorar "o desempenho ambiental do edifício (preocupação que a IURD tem nos seus imóveis), incorporando tecnologias modernas de eficiência energética e sustentabilidade, restabelecendo as característias originais, como a fachada em ArtDeco, os detalhes interiores e os elementos decorativos que representam uma época histórica".
O projeto em curso foi feito por "um atelier de arquitetura vencedor de um prémio de reabilitação urbana", informa a IURD, a ressaltar que, durante o processo de licenciamento, houve a visita de técnicos do património ao edifício "para que fossem previstas as melhores soluções. Toda a intervenção tem um foco na sua reversibilidade e o imóvel continuará a ser emblemático para a cidade de Lisboa".
Para a igreja, o Cinema Império difere-se de outras salas de cinema em Lisboa que desapareceram. "São precisamente de edifícios que já não existem e cujos proprietários não honraram a sua arquitetura e história. É essa a diferença. A Igreja Universal manteve o edifício, sempre cuidou do mesmo, por isso, passados 40 anos do seu encerramento enquanto sala de cinema, o Cinema Império mantém-se como relevante e importante para a cidade. Vai agora merecer uma melhoria com as melhores práticas", destaca a IURD.
A direção da igreja compromete-se com a "fachada recuperada, um edifício eficiente e mais sustentável que a todos honrará e cuja intervenção será devidamente acompanhada".