Rede de assaltos a multibancos branqueava dinheiro na compra de carros de luxo

Os 17 detidos são suspeitos de mais de uma dezena de roubos a caixas multibanco com explosões em três anos
Publicado a
Atualizado a

A Polícia Judiciária desmantelou a maior organização criminosa no país especializada em assaltos a caixas multibanco com explosões e que será responsável por, pelo menos, mais de uma dezena de assaltos desde 2014, sobretudo nas regiões de Lisboa e Setúbal. A operação de ontem, que envolveu mais de cem inspetores no terreno, levou à detenção de 17 suspeitos. Na organização havia um núcleo duro, 12 operacionais e especialistas dedicados apenas ao branqueamento de capitais, apurou o DN com fonte ligada à investigação.

Com o desmantelamento da rede, apreensões e recolha de prova, os inspetores deverão poder vir a ligar o bando a muitos mais assaltos.

A investigação, iniciada em meados de 2015 pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ, descobriu que largas dezenas de milhares de euros roubados das ATM terão sido branqueados pela rede criminosa através da compra de motas de alta cilindrada e carros topo de gama (Mercedes, Audi e BMW, entre outros). Esses bens ficavam depois registados em nome de familiares, amigos e namoradas de alguns dos suspeitos.

Vários dos operacionais detidos tinham cadastro por assaltos violentos e um deles até era procurado para cumprimento de pena. Pelo menos quatro suspeitos integraram antigos "gangues do Multibanco" do bairro da Belavista, em Setúbal, estando alegadamente ligados a assaltos em Lagameças, Poceirão e Setúbal.

Nos 17 elementos detidos há várias nacionalidades, muitas delas africanas, com idades entre os 22 e os 61 anos. O suspeito mais velho teria participação apenas no branqueamento de capitais.

Segundo apurou o DN, as investigações prosseguem para encontrar mais gente ligada a esta rede criminosa e a outros grupos menores ainda ativos, nomeadamente na região do Algarve, onde em meados de novembro aconteceu pelo menos um assalto a ATM com recurso a explosão, em Vale Mangude, Albufeira.

As dezenas de buscas realizadas pelos inspetores da Unidade Nacional Contra Terrorismo, ontem, realizaram-se em casas e outros locais da zona de Lisboa, Sintra, Amadora, Cascais e também na Margem Sul do Tejo.

Método de explodir com gás

Segundo adiantou a mesma fonte, não há elementos do Leste europeu especializados em explosões a gás nesta rede criminosa agora desmantelada. O método é o mesmo mas estes suspeitos detidos praticaram com a experiência de largos anos.

Nas últimas semanas ocorreram alguns ataques com recurso a explosivos a caixas multibanco, mais recentemente em Alfragide (no Leroymerlin) e Charneca da Caparica, onde os assaltantes conseguiram colocar-se em fuga na posse das gavetas com dinheiro da caixa multibanco. Para já, a investigação ainda não permite ligar alguns dos 17 detidos desta operação a esses dois roubos recentes mas é possível que tenham a sua assinatura, adiantou a mesma fonte.

Os suspeitos foram ontem presentes a primeiro interrogatório judicial para conhecerem as medidas de coação. Até ao fecho da edição, ainda eram desconhecidas.

Nos últimos cinco anos, a Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária já desmantelou mais de dez bandos dedicados a assaltos a multibancos com explosões. Em meados de outubro de 2012, Luís Neves, o diretor da unidade, anunciou o fim da atividade de oito grupos organizados responsáveis por cinquenta por cento dos assaltos a caixas multibanco a nível nacional.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt