"Há uma perceção negativa da química"

Entrevista a Artur Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Química
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O número de estudantes que entram nos cursos de Química tem vindo a diminuir?

Sim, nos últimos anos diminuiu gradualmente. Este ano, entraram no ensino superior 183 alunos nos cursos de Química na 1.ª fase. Relativamente ao ano passado, houve um ligeiro aumento, que pode ser reflexo de uma melhoria nas notas das disciplinas de acesso.

O que tem levado a esta quebra?

Há várias razões. Em primeiro lugar, existem outras opções. Os estudantes que se candidatam têm uma perceção negativa da química, mas não é real. A química está em tudo o que fazemos, em tudo o que comemos. Por outro lado, há a noção de que é um curso custoso, que exige bastante esforço. Temos de mostrar aos candidatos e aos pais, que muitas vezes influenciam os filhos, a utilidade da química, que a química é fundamental.

Que consequências é que pode ter para o país o decréscimo no número de ingressos nos cursos de química?

Pensemos nas farmacêuticas portuguesas. Elas precisam de preparar compostos, têm químicos nos seus quadros. Ao perdermos pessoas capazes de os fazer, temos de importar para ter investigação e desenvolvimento. Precisamos de químicos para fazer controlo de qualidade. Temos químicos na polícia científica.

O que é preciso fazer para inverter esta tendência?

Na Alemanha, também houve um decréscimo, mas neste momento o número já está a subir. Portugal pode crescer, mas temos de mostrar às pessoas para que serve a química. Andamos a tentar motivar e mostrar aos jovens o que é a química e para que serve. Vamos tentar fazer mais ações e estabelecer relações com a indústria. Temos de ultrapassar o caráter negativo que lhe é dado. Tal como a Sociedade Portuguesa de Química, há várias universidades a fazer ações nesse sentido.

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