O Governo espanhol autorizou hoje o maior transvase de água das bacias do Tejo em Castela-Mancha para as províncias de Múrcia, Alicante e Almería desde dezembro de 2014, num total de 38 hectómetros cúbicos em junho..Um comunicado do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (Magrama) indica que a autorização da Comissão Central de Exploração do Aqueduto Tejo-Segura garante o fornecimento não só às populações da bacia que cede a água como o abastecimento de 2,5 milhões de pessoas nas províncias de Múrcia, Alicante e Almería..A água a ceder será mantida, preferencialmente, nas albufeiras de Entrepeñas e Buendía e movimentada em função da procura..Trata-se da maior cedência de água das bacias cedentes desde que a Comissão do Aqueduto Tejo-Segura considerou, em dezembro de 2014, que existiam "situações hidrológicas excepcionais" (nível 3), o que permite autorizar transvases mensais do Tejo para a bacia do Segura..Desde dezembro de 2014, as maiores quantidades de água transvasadas foram de 20 hectómetros cúbicos em vários meses, entre eles de março a maio deste ano..Em finais de maio, o governo regional de Castela-Mancha (PSOE) - muito crítico para com este tipo de medidas - manifestou as suas suspeitas de que em início de junho, o Governo nacional em funções (PP, direita no poder desde 2011) iria autorizar um novo transvase e ligava esta autorização às eleições legislativas de 26 de junho..No entanto, o medo do governo regional de Castela-Mancha era o de que este transvase pudesse chegar aos 30 hectómetros cúbicos, uma estimativa que acabou por ficar abaixo do autorizado..A conselheira de Fomento do governo regional, Elena de la Cruz, alertava, então, que esta medida poderia forçar os habitantes das bacias do Tejo a abastecer as cisternas com água, para suprir eventuais falhas.."Os planos hidrológicos têm vindo a cortar os direitos de Castela-Mancha em matéria de água", salientou..O rio Tejo, sublinhou Elena de la Cruz, "não tem neste momento um caudal ecológico em boas condições e não o tem porque de cada vez que se faz albufeira nos pântanos das bacias considera-se que há excedente e fazem-se transvases para o Levante (Alicante, Múrcia e partes da Andaluzia) para alimentar os regadios"..Nas legislativas de dezembro, criticou a conselheira, "a ministra da Agricultura (Isabel García Tejerina) fez praticamente toda a campanha eleitoral em Múrcia", onde o PP chegou a prometer "cem milhões de euros em investimentos"..Por isso mesmo, o governo regional de Castela-Mancha prometeu recorrer - como fez em ocasiões anteriores - do transvase.