Teve 17,8 e não conseguiu entrar em Medicina. Agora escreveu carta aberta a Marcelo

"Há que quebrar o ciclo vicioso que se baseia exclusivamente em interesses económicos", diz a jovem Maria Barros
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Uma jovem lisboeta de 18 anos que não conseguiu entrar no curso de Medicina escreveu uma carta aberta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em nome "os que não entraram [na universidade] por 5,4,3,2,1, 0,5 décimas". Maria Barros explica, na carta partilhada pela revista Visão, que está a estudar espanhol para tentar continuar a estudar fora do país, na área com que sonha desde de pequena.

"Aqui estou eu, apesar de ter terminado o ensino secundário com média de 17,8 valores, não estou na universidade", diz a jovem, que questiona o número de vagas dos cursos de Medicina, que considera escasso, e ainda o processo de avaliação e seleção para entrar no curso, defendendo que num exame de duas horas não se consegue avaliar o "lado humano". A jovem ficou de fora por pouco, já que em Lisboa a nota do último colocado foi 17,88.

"Há que quebrar o ciclo vicioso que se baseia exclusivamente em interesses económicos", conclui, lembrando que os "futuros médicos partem para outros países, como Espanha, formam-se e por lá ficam. E Portugal contrata médicos estrangeiros para colmatar o défice de profissionais que tem?"

Apesar das dúvidas de Maria, os estudantes de medicina que já estão na universidade não concordam com a sua visão: em março passado a Associação Nacional de Estudantes de Medicina entregou ao Governo uma proposta para reduzir, em cinco anos, de 1800 para cerca de 1300 o número de estudantes de medicina por ano.

Em causa está, dizem, a qualidade da formação médica em Portugal, uma vez que depois do curso os estudantes precisam de continuar a formação em hospitais com idoneidade formativa - o internato. Aliás, no ano passado houve um número recorde de vagas, 2147, mesmo perante críticas de que as unidades não tem capacidade para formar tantas pessoas. E destas 300 foram para responder a pedidos feitos por alunos que fizeram a formação fora de Portugal.

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Alguns especialista lembram ainda que Portugal vive, em algumas áreas da Medicina, o resultado da política de restrição de vagas dos anos 80 do século passado, quando se atingiu um mínimo de 190 lugares (em 1986), mas que esse efeito será superado em breve.

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