O impacto entre aeronaves e drones pode causar mais danos do que a colisão com pássaros, segundo um estudo britânico, levando os pilotos portugueses a referir o "potencial catastrófico" e a pedir rapidez na publicação de regras..O estudo elaborado pela empresa QuinetiQ, promovido por várias entidades do Reino Unido, como o Departamento de Transportes e a Autoridade Militar para a Aviação, concluiu que os drones (aeronaves não tripuladas) "podem causar significativamente mais estragos que um pássaro de equivalente massa [ou peso] à mesma velocidade"..Por outro lado, a forma de "construção de um drone pode fazer uma diferença significativa no impacto da colisão", acrescenta o trabalho, que recomenda que "mais seja feito" na área da responsabilização dos operadores pela segurança..O trabalho também aconselha os fabricantes de drones a considerarem realizar adaptações que mitiguem o impacto de uma colisão, usando, por exemplo, uma caixa de plástico para os motores..A Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), em comunicado hoje divulgado, salienta as conclusões do estudo britânico que "demonstra o potencial catastrófico no impacto entre 'drones' e aeronaves", indo ao encontro do que a associação "tem defendido publicamente desde há algum tempo"..Por isso, "demonstra, indubitavelmente, a necessidade de ser concluído o mais rapidamente possível o estudo com vista à elaboração de um decreto-lei sobre a obrigatoriedade de registo e de contratação de seguro de responsabilidade civil dos 'drones'", refere a APPLA..Entre as sugestões da associação está a instituição e regulação do licenciamento prévio (treino e certificação) para utilizadores ou operadores recreativos de drones a partir de determinado peso, bem como de um regime análogo para utilizadores ou operadores profissionais, ou a criação de uma 'task force' (grupo) para lidar com os avistamentos de drones nas imediações de zonas onde voam aeronaves tripuladas..O projeto de decreto-lei que estabelece um regime jurídico para o registo obrigatório de 'drones', e que está em consulta pública até 10 de outubro, impõe um seguro de responsabilidade civil e cria um regime sancionatório.."O diploma visa essencialmente estabelecer a obrigatoriedade de registo e de contratualização de seguro de responsabilidade civil para as aeronaves não tripuladas cuja massa máxima operacional seja igual ou superior a 0,250 Kg [250 gramas]", explicava o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas no início de agosto..Prevê ainda "um quadro sancionatório aplicável a quem violar estas obrigações, de forma a dissuadir e censurar adequada e proporcionalmente condutas de risco que podem colocar em causa a segurança de todos", acrescentava..O regulamento da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), em vigor desde janeiro deste ano, proíbe o voo destes aparelhos a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximação e descolagem dos aeroportos..Desde o início do ano até 10 de agosto, houve o registo de, pelo menos, 17 incidentes com drones, reportados pela aviação civil, envolvendo estes aparelhos, que violam o regulamento e aparecem na vizinhança, nos corredores aéreos de aproximação aos aeroportos ou na fase final de aterragem..O estudo britânico refere que o número de incidentes envolvendo objetos que se acredita serem drones subiu de seis em 2014 para 29 no ano seguinte e 70 em 2016, enquanto até final de maio deste ano já tinham sido relatados 34 (contra 28 no mesmo período do ano passado).