A notícia mereceu todo o destaque na primeira página dessa edição: “Um pavoroso incêndio deflagrou pelas cinco da madrugada, no coração da cidade de Leiria, que foi despertada em alvoroço pelos estridentes silvos dos bombeiros”. .Em pouco mais de duas horas, o fogo destruiu o edifício do Hotel Central, velha e solarenga construção, reduzindo-o a cinzas e às paredes mestras. Os hóspedes conseguiram salvar-se, mas “perderam os seus haveres” no fogo, que foi combatido por sete corporações de bombeiros..Eram cerca de cinco horas – conta o DN – quando Joaquim Pereira, comerciante com estabelecimento e habitação junto do hotel, acordou com o barulho de vidros a estilhaçarem. Levantou-se da cama e viu que saía densa fumarada do rés-do-chão do hotel, onde também se encontra, há dezenas de anos, um armazém de mercearias..Joaquim Pereira imediatamente deu o alrame aos bombeiros. Os primeiros a chegar foram os municipais de Leiria – a que se foram juntando, com o vagar que se pode imaginar, as corporações da Marinha Grande, Porto de Mós, Vila Nova de Ourém, Nazaré, Pombal e Alcobaça. Todos, esclarece o repórter, “participaram com denodo no ataque ao incêndio”. Mas “as 50 agulhetas” não foram suficientes para conter as labaredas – de tal maneira intensas que,entre as cinco e as sete horas da manhã, “propagaram-se a todo o imóvel e deram ao local um aspeto dantesco”..Pelas nove da manhã, quatro horas depois do alarme, já os bombeiros procediam aos trabalhos de rescaldo. A PSP, formando um cordão, “impediu que os curiosos estorvassem os movimentos dos abnegados bombeiros”. A água – saúda o DN – “felizmente não faltou”. Esclarece, ainda, a “adequada distribuição das bocas de abastecimento”. A fonte luminosa, a vinte metros do incêndio, permitiu “alimentar as mangueiras”..O treinador do União de Leiria, António Medeiros, residente no hotel desde que veio para cidade, foi um dos hóspedes que fugiu das chamas. Deixou para trás “todos os haveres” – incluindo “umas centenas de contos” que na véspera tinha recebido do clube. Mas, dizia o DN, a “solidariedade não é palavra vã”: o presidente do clube, Varela Dias, correu a “emprestar roupas e dinheiro” ao treinador.