Impressão: grande invenção para ter as civilizações “impressas” no papel
Quando se fala de impressão, é bem conhecida a invenção da prensa de tipos móveis de metal inventada por Johannes Gutenberg, a meio do século XV na Alemanha, que resultou na Revolução da Imprensa, melhorando significativamente a qualidade e eficiência da impressão. Esta invenção teve um papel fundamental no Renascimento, Iluminismo e Revolução Científica.
No entanto, é pouco conhecido que, segundo diversos estudos arqueológicos, a tipografia de tipos móveis de madeira já existia na China do século XII. De facto, a impressão apareceu ainda mais cedo na China e, a par da fabricação do papel, esta invenção dá um grande contributo para o desenvolvimento, preservação e divulgação da civilização chinesa.
A impressão, a fabricação de papel, a pólvora e a bússola são conhecidas como as quatro grandes invenções da China Antiga.
A origem da impressão remonta à técnica antiga de tà yìn (recalcar, colocar uma folha de papel sobre a obra e usar a tinta para imprimir). Durante a Dinastia Han Oriental (25-220 d.C.), os Anacletos de Confúcio eram gravados em estelas de pedra fora das escolas, para que os estudantes os copiassem. No entanto, devido à lentidão da cópia manual, havia sempre imensas pessoas às portas das escolas.
Um dia, alguém teve uma ideia inteligente, que foi colocar um papel sobre a estela e depois imprimir com tinta sobre o papel, de modo que as inscrições na pedra fossem transferidas para o mesmo. Isto é tà yìn.
Posteriormente, na Dinastia Tang (618-907), surgiu a técnica de xilogravura, cujos textos e imagens eram esculpidos em chapas de madeira, cobertos com tinta e depois impressos em papel, o que permitiu a produção de cópias em massa. No entanto, a escultura de madeira precisava de grande habilidade dos entalhadores, porque um único erro exigia que todo o bloco fosse refeito, aumentando assim os custos de produção.
Durante a Dinastia Song (960-1279), Bi Sheng, um técnico experiente em impressão de xilogravura, inventou a impressão de tipo móvel. Usavam-se peças de argila para fazer muitos moldes iguais. Na superfície de cada molde era gravado um caráter invertido, e os moldes eram cozidos em fornos para ficarem rijos e, assim, formarem os tipos móveis.
Em comparação com a impressão de xilogravura, esta técnica melhorou significativamente a eficiência da impressão. Contudo, a qualidade variável dos moldes e da escultura à mão afastaram a possibilidade da produção de moldes em grande escala, o que impediu a substituição da impressão de xilogravura.
O facto de a impressão por tipos de imprensa em liga de chumbo da Europa ser mais amplamente utilizada e difundida do que a da China, deve-se, por um lado, à maior eficiência da técnica da fundição (fundir, despejar o metal derretido em moldes para solidificar e formar tipos) do que a da escultura manual, e por outro, à grande quantidade de carateres chineses,que dificultava a fabricação do molde: há mais de 3500 em uso comum, e havia até dezenas de milhares nos tempos antigos! Enquanto o alfabeto latino possui apenas 26 letras - mesmo incluindo os números, símbolos e outras letras, não há mais de 100 -, o que permite a reutilização dos tipos e facilita produção em larga escala.
Até hoje, ainda se debate na comunidade académica a origem da tipografia na Europa. Alguns creem que foi uma invenção independente de Johannes Gutenberg, sem influência da China; enquanto outros julgam que ele terá sido inspirado ao ver os produtos chineses de tipo móvel trazidos por comerciantes árabes para a Europa.
Independentemente das origens, a impressão, sobretudo o tipo móvel, é uma invenção crucial que impulsionou o avanço da civilização humana, contribuindo enormemente para a difusão, preservação e intercâmbio cultural entre diferentes nações e regiões.
INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS