Há novas drogas em teste contra cancros mais graves

Laboratórios farmacêuticos anunciam alguns resultados positivos no maior encontro mundial de oncologia, nos Estados Unidos
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Vários laboratórios farmacêuticos anunciaram ontem, no maior encontro de medicina oncológica do mundo, que está a decorrer em Chicago, nos Estados Unidos, que há ensaios clínicos em curso de novas drogas que poderão ser armas inovadoras contra alguns dos tipos de cancros mais mortais.

Perante mais de 35 mil médicos e cientistas presentes no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla de língua inglesa), que decorreu este fim-de-semana naquela cidade, companhias como a Johnson & Johnson, a AbbVie e outras revelaram os resultados de mais de cinco mil ensaios clínicos nesta área, causando alguma sensação entre os participantes.

Alguns destes resultados apontam para que os laboratórios poderão estar à beira de conseguir produzir drogas para tratar doentes para os quais não há nesta altura alternativas de tratamento.

A Johnson & Johnson, nomeadamente, divulgou os resultados do ensaio clínico de uma nova droga chamada Darzalex, que este laboratório está a desenvolver com o grupo dinamarquês Genmab, e que mostra que este medicamento produz melhoras substanciais em doentes que sofrem de mieloma múltiplo, um cancro incurável da medula óssea que causa a morte a metade dos doentes num prazo de cinco anos.

Combinada com outras duas drogas, a Darzalex consegue travar em cerca de 70% o agravamento da doença, de acordo com o ensaio que envolveu 500 doentes, todos eles em fase muito avançada da doença e sem outras alternativas de tratamento.

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Um quinto dos doentes que receberam este tratamento viram o cancro regredir completamente, o que significa que ficaram curados, enquanto em 60% os tumores sofreram uma redução significativa.

"Estes são resultados sem precedentes para este cancro", afirmou António Palumbo, da Universidade de Turim, Itália, que liderou o ensaio clínico, citado pelo The Financial Times.

Outra novidade anunciada neste encontro diz respeito a uma nova droga que foi testada num ensaio clínico mais pequeno, mas que mostrou igualmente resultados positivos. Desenvolvida pela AbbVie, a nova droga, designada Rova-T, destina-se a tratar cancro do pulmão, do tipo que mais afeta os fumadores: espalha-se rapidamente pelo organismo, praticamente não responde a tratamentos e apenas 3% dos doentes sobrevivem pelo menos cinco anos.

No ensaio clínico, que envolveu 71 participantes, a Rova-T fez travar a progressão do cancro em 90% dos doentes e diminuiu a dimensão do tumor em 39% dos casos. Mas todos os pacientes acabaram por falecer, e a média de sobrevida em relação ao tratamento convencional foi de apenas mais um mês. Todos os pacientes eram, no entanto, quase terminais, pelo que os autores do estudo acreditam que a performance da droga pode ser melhorada.

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