A Câmara de Lisboa vai começar por distinguir 63 estabelecimentos da cidade com o selo "Lojas com história" e definir medidas de apoio no âmbito deste programa, mas reconhece que só isso não chega para assegurar a sua sobrevivência.."Não temos a veleidade de achar que salvaremos as lojas com esta distinção nem que ela resolve, só por si, o problema da sustentabilidade financeira", admitiu o vice-presidente da autarquia, Duarte Cordeiro (PS), em declarações à agência Lusa..O autarca sustentou, por isso, que "têm de ser feitas mais coisas, mais projetos, e tem de haver mais envolvimento" dos comerciantes para as dinamizar, evitando o seu encerramento..Duarte Cordeiro falava à Lusa a propósito da proposta que vai ser debatida na reunião camarária privada de quarta-feira referente à atribuição da distinção "Lojas com história"..Em causa estão 63 "lojas óbvias" que, pela preservação de elementos patrimoniais materiais, culturais e históricos, são as primeiras a serem classificadas no âmbito do programa iniciado no ano passado, assinalou o autarca..Desta lista fazem parte espaços como A Ginjinha Sem Rival, Aníbal Gravador, Brasileira, Casa Macário, Confeitaria Nacional, Farmácia Barreto, Ferragens Guedes, Florista Pequeno Jardim, Hospital das Bonecas, Leitão e Irmão, Londres Salão, Luvaria Ulisses e Manteigaria Silva..Acrescem a Ourivesaria Sarmento, os Pastéis de Belém, a Pastelaria Mexicana, Pastelaria Versailles, a Pérola do Rossio, a Retrosaria Bijou e a Tabacaria Mónaco, entre outros estabelecimentos..A escolha foi feita pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, parceira no projeto..Depois de aprovada pelo grupo de trabalho da autarquia, com representantes das áreas da economia e inovação, urbanismo e cultura, a proposta teve o aval do conselho consultivo do programa, composto por associações e personalidades ligadas à cidade..Duarte Cordeiro explicou que "em setembro ou outubro" será aprovada uma segunda lista, que também se enquadra nas primeiras 100 lojas a serem classificadas..Posteriormente, quando estiver em vigor o regulamento municipal sobre a classificação, terão de ser as entidades a candidatar-se, clarificou o autarca, precisando que a distinção tem a validade de dois anos, podendo ser renovada..Esse regulamento, que estabelece as regras relativas à candidatura e atribuição da distinção, também estará em debate na reunião, através da sua submissão a consulta pública por 30 dias..O mesmo acontece com o regulamento do fundo municipal criado para apoiar as lojas distinguidas, em áreas como a arquitetura e restauro (conservação de fachadas), cultura (iniciativas para divulgar as lojas) e economia e comércio (estudos, consultoria e 'marketing')..O fundo tem uma dotação inicial de 250 mil euros, mas cada candidatura não pode ultrapassar os 25 mil euros, sendo que a autarquia só suporta até 80% do total.."No caso de o montante que temos estimado não ser suficiente, vamos privilegiar negócios de restauração com volume de negócios abaixo dos 500 mil euros e outro tipo de comércio com volumes de faturação abaixo de 150 mil euros", apontou Duarte Cordeiro..O responsável adiantou que este processo "é a prova de que é possível fazer uma classificação criteriosa e rigorosa" dos estabelecimentos históricos, o que, na sua ótica, "conferirá segurança ao processo legislativo que está em curso [na Assembleia da República], com vista à proteção das lojas com estas características".