A greve dos trabalhadores de higiene urbana em Lisboa está a ter efeitos distintos em diferentes pontos da cidade, mas a avaliação geral é de controlo, na opinião da autarquia. “A situação obviamente agravou-se, mas não tanto como podia ser o pior cenário”, disse à Lusa Pedro Moutinho, diretor de higiene urbana do município. Segundo Pedro Moutinho, o cumprimento dos serviços mínimos, decretados pelo colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), está a atenuar a situação. .No entanto, admite que a adesão atual dos trabalhadores, que rondará menos de 50%, já causa impacto. “A adesão é inferior a 50% neste momento, número que ainda é muito alto, já que acima dos 10 ou 15% já teria impacto”, disse. .Os presidentes de Juntas de Freguesia avaliam de maneiras distintas os impactos da paralisação. Misericórdia (PS), Lumiar e Belém (ambas PSD/CDS-PP) trabalham para minimizar as consequências da falta de recolha do lixo. De acordo com Ricardo Mexia, presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, a situação está a colocar “alguns desafios” à gestão de recursos, pois “há sempre muito papel e outros resíduos” nesta altura do ano. “Estamos a tentar minimizar o impacto recolhendo os resíduos fora dos contentores, mas não nos podemos substituir a Higiene Urbana da Câmara Municipal [de Lisboa]”, afirma. O responsável municipal admite ter tido “um pouco mais de colaboração” dos cidadãos em não deixar o lixo fora dos contentores..Em Belém, equipas estão a fazer rondas nos ecopontos. Fernando Ribeiro Rosa, presidente da junta, diz que “as pessoas estão a portar-se bem”, acrescentando que se está a “fazer o possível para evitar problemas de saúde pública”..Na freguesia de Misericórida, Carla Madeira também elogia a colaboração dos fregueses, mas admite preocupação com o fim de semana e os dias seguintes, pelas características da zona. “Estou preocupada com o fim de semana e os festejos do final do ano, pois têm muito impacto na freguesia”, explica, referindo-se ao lixo proveniente dos estabelecimentos comerciais localizados na área da junta..Para o Ano Novo está prevista greve ao trabalho normal e suplementar no período noturno, entre as 22.00 do dia 01 (quarta-feira) e as 06.00 do dia 02 de janeiro (quinta-feira). A greve foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL). As entidades justificam a realização da greve com a ausência de respostas do executivo municipal de Carlos Moedas (PSD) perante os problemas que afetam o setor da higiene urbana, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023. A Câmara de Lisboa assegura que 13 dos 15 principais pontos do acordo estão a ser cumpridos e que os restantes dois - obras nas instalações e a abertura de bares em todos os horários e em todas as unidades - estão em fase de conclusão..Para diminuir os efeitos da greve, o Executivo municipal colocou contentores de obras em várias zonas da cidade e fez apelos aos moradores para reduzirem a produção de resíduos, especialmente de cartões e outros materiais volumosos. Segundo a Câmara, a produção média de lixo na cidade é de 900 toneladas diárias..COM LUSA.amanda.lima@dn.pt