Governo escolhe mulher para liderar secretas

Graça Mira Gomes, embaixadora, está indigitada para secretária geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP)
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Graça Mira Gomes é embaixadora na OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), como representante permanente de Portugal, desde 2015. No seu curriculum está também uma colocação em Bruxelas, na Representação de Permanente de Portugal junto da União Europeia, onde terá trabalhado com a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

A diplomata vai substituir Júlio Pereira, procurador que está desde 2005 na liderança do SIRP. Desgastado com as várias polémicas que têm atingido os seus espiões - a última das quais que resultou na acusação de um agente do SIS, por suspeita de vender segredos de Estado e da NATO à Rússia - o magistrado há muito que tinha manifestado vontade de sair.

Pouco antes da visita do papa Francisco a Portugal, em maio último, um comunicado do gabinete do primeiro-ministro revelava que Júlio Pereira iria ser substituído. "Tendo manifestado o interesse em regressar ao exercício de funções no Ministério Público, o Dr. Júlio Pereira solicitou oportunamente ao Primeiro-Ministro a sua exoneração do cargo de Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, de modo a poder assumir o seu lugar nessa magistratura", era anunciado. António Costa explicava, na altura, que "estando então já agendada a visita de Sua Santidade o Papa, não sendo por isso o momento conveniente para realizar alterações nas chefias das forças e serviços de segurança, o Dr. Júlio Pereira correspondeu à solicitação do primeiro-ministro para se manter em funções até ao termo da visita pontifícia".

Nesta mesma nota oficial, era apresentado José Júlio Pereira Gomes, diplomata, embaixador de Portugal na Suécia, como sucessor, o que, como se sabe, acabou por não acontecer. Tudo corria bem até que, no DN, a eurodeputada do PS Ana Gomes disse que Pereira Gomes não tinha perfil. Em causa esteve a sua atuação em 1999, em Timor-Leste, como chefe de uma missão de observadores portugueses ao referendo que tornou o território independente. Forçou, por exemplo, uma decisão de Lisboa a autorizá-lo a deixar Timor. Face à polémica, em 7 de junho anunciou que renunciara à indigitação. António Costa foi obrigado a procurar outra pessoa.
O DN sabe, por fonte com conhecimento do processo de escolha, que Pedro Passos Coelho foi informado, por António Costa, do novo nome há cerca de duas semanas. "Não manifestou a sua concordância, nem oposição. Apenas registou", confidenciou esta fonte. No entanto, acrescenta, "quando se realizar a audição no parlamento, o PSD não se vai opor".

Graça Mira Gomes é casada com João Mira Gomes, atual embaixador português na Alemanha e antigo secretário de Estado da Defesa Nacional entre 2006 e 2009, durante o governo de José Sócrates. Tem dois filhos.

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