O martelo desceu contra a Google no tribunal distrital do juiz Amit Mehta..Quase um ano depois do início do julgamento em que o Departamento de Justiça dos EUA interpôs o maior caso anticoncentração dos últimos 25 anos contra a gigante tecnológica, o juiz concluiu que a Google opera um monopólio ilegal nas pesquisas online..A decisão é devastadora para o modelo de negócio da Google e da casa-mãe Alphabet. Determina que a empresa explora de forma ilícita o seu domínio nas pesquisas online para esmagar os concorrentes e estrangular a inovação..As consequências podem ser abrangentes e atingir a forma como as gigantes da big tech operam em Silicon Valley. A sentença, que será conhecida a 6 de setembro, pode forçar a Google a desmantelar a forma como opera online. A empresa já disse que vai recorrer da decisão..“Após pesar e considerar cuidadosamente os testemunhos e as evidências, o tribunal chega à seguinte conclusão: a Google é monopolista e tem agido como tal para manter o seu monopólio”, escreveu o juiz Amit Mehta numa decisão de 277 páginas..O julgamento, que decorreu ao longo de dois meses e meio, incluiu o testemunho de vários executivos da Google, Microsoft e Apple. O Departamento de Justiça e a Google apresentaram os seus argumentos finais em maio, tendo a empresa defendido que a sua popularidade advém da preferência dos consumidores e da qualidade superior do seu motor de busca, Google Search..Mas o juiz concluiu que a quota de mercado de 89,2% da Google nos motores de busca é uma evidência do seu monopólio, sendo o domínio ainda maior nos dispositivos móveis - 94,9%. O motor processa cerca de 8,5 mil milhões de pesquisas por dia, mais ou menos o dobro do que fazia em 2012 (dados de um estudo da BOND)..Mehta focou-se no facto de a Google gastar anualmente milhares de milhões de dólares para garantir que o seu motor de busca vem instalado em novos smart- phones e outros gadgets. Fá-lo através de acordos com as fabricantes, que põem o Google Search como motor de busca por defeito nos dispositivos. Em 2021, a empresa pagou 26 mil milhões de dólares para assegurar estes acordos, que, segundo o juiz, fazem toda a diferença porque os consumidores tendem a não mexer nas definições por defeito..Ainda assim, o juiz reconheceu a elevada qualidade do produto e escreveu que o motor de busca da Google é reconhecido como o melhor..O que Mehta decidir como remédios determinará a gravidade das consequências. O juiz poderá forçar a empresa a mudar a sua operação online, pode proibi-la de fazer acordos pagos envolvendo o motor de busca, ou pode optar por outras mudanças..“Esta decisão reconhece que a Google oferece o melhor motor de busca, mas conclui que não devemos ter permissão para o disponibilizar facilmente ao mercado”, criticou o presidente de Questões Legais na gigante, Kent Walker..O recurso prometido pela empresa pode fazer arrastar o caso durante vários anos, o que significa, para já, que os consumidores não verão alterações na disponibilidade dos produtos..“Esta vitória contra a Google é uma vitória histórica para o povo americano”, comentou o procurador-geral Merrick Garland, que supervisionou o processo instaurado ainda durante a anterior Administração..“Nenhuma empresa, não importa quão grande ou influente, está acima da lei. O Departamento de Justiça vai continuar a executar com vigor as nossas leis anticoncentração.”