Filha de idoso morto no hospital de Loures vai com o caso para tribunal

Ana Pereira não se conforma com a morte do pai, de 93 anos, no corredor do Hospital Beatriz Ângelo, onde esteve cinco horas à espera para ser transferido para Santa Maria. "Não quero que se volte a repetir com mais ninguém", disse à SIC.
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A filha do homem de 93 anos que morreu após várias horas à espera num corredor do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, vai entrar com uma ação em tribunal.

A revelação foi feita por Ana Pereira em entrevista à SIC. "Vou andar com isto para a frente, porque não é o primeiro caso de pessoas que morrem à porta dos hospitais e dos centros de saúde. O que aconteceu com o meu pai, não quero que se volte a repetir com mais ninguém", disse, lembrando que o pai esteve "cinco horas numa maca à espera de ser transferido para o Hospital de Santa Maria".

O idoso deu entrada nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo às 13.00 horas de segunda-feira, com uma fratura numa perna, e acabaria por morrer depois de mais de cinco horas à espera no corredor do hospital, segundo o comandante dos Bombeiros de Camarate, Luís Martins, em declarações à Lusa.

O comandante explicou que os bombeiros de Camarate, ao terem conhecimento de que o doente teria de ser levado para Santa Maria, se prontificaram para fazer o transporte, mas não tiveram autorização e continuaram à espera.

A avaliação clínica foi realizada na maca dos bombeiros por "falta de macas no hospital". Foram feitos exames raio-x, em que foi detetada uma fratura do colo do fémur, e uma estabilização da perna com uma tração, acrescentou Luís Martins.

Em comunicado, o Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo confirmou e lamentou a morte, tendo anunciado a abertura de um processo de inquérito. "Apesar de a avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com caráter de urgência para cabal apuramento dos factos", é referido na nota.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) decidiu entretanto também averiguar as circunstâncias desta morte, em conjunto com a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

"Considerando que a IGAS decidiu abrir um processo de esclarecimento, para avaliar a necessidade de desenvolver outro tipo de ação inspetiva e que a Entidade Reguladora da Saúde, no quadro das suas competências, também se encontra a averiguar a situação, através de um processo de avaliação, estes dois organismos decidiram cooperar de modo a obter todos os esclarecimentos necessários de forma complementar", adiantou a IGAS em comunicado, assumindo ter tomado conhecimento do caso através dos órgãos de comunicação social e assinalou o anúncio pelo conselho de administração daquela unidade hospitalar de "um processo de inquérito com caráter de urgência".

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