As principais estruturas sindicais da PSP e GNR salientaram, esta quinta-feira, que o diagnóstico de falta de efetivos e recursos feito pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) confirma os alertas dos últimos anos e pedem mais ação ao Governo..Em reação ao relatório hoje divulgado pela IGAI, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Santos, e o presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, assumiram não terem ficado surpreendidos com as conclusões e defenderam ser o resultado de anos sem o investimento e a execução orçamental necessários face às carências..“Em termos de efetivos, de condições e de instrumentos é tudo muito fraco. Achamos bem que este relatório tenha saído e evidenciado aquilo que a ASPP tem vindo a dizer há muito tempo: um conjunto de situações que, a cada dia que passa, se complicam; um aumento de missões da PSP sem que haja os recursos necessários; e que é preciso perceber se este Governo vai dar seguimento através de opções políticas concretas”, disse Paulo Santos..Considerando que, neste momento, “as esquadras não estão a funcionar”, o líder da ASPP apelou a “passos concretos” do executivo com vista a “construir um caminho” que eleve a dignidade das carreiras e das condições de trabalho da PSP..Já César Nogueira, da GNR, lembrou a lei de programação de infraestruturas e equipamentos para as forças de segurança para pedir uma maior taxa de execução das verbas, manifestando ainda preocupação com a falta de manutenção das instalações, a degradação “flagrante” do parque automóvel GNR e a falta de efetivos, que deixam postos sem capacidade para ir além do atendimento ao público. “Só acontece por ao longo dos anos haver um fraco investimento nas forças de segurança, nomeadamente para esse tipo de situações que são básicas para o bom funcionamento. (...) É orçamentado um valor todos os anos e a execução anda à volta dos 45%, em alguns anos até mais baixo. Há muito a fazer”, vincou..O presidente da APG defendeu que o adiamento da resolução destas questões pode tornar-se ainda mais oneroso para o Estado no futuro, pedindo uma resposta mais efetiva do Governo. “Sabemos que não se resolve de um dia para o outro, até porque foram longos anos sem investimento. Já existe uma lei que prevê verba e que prevê ser feita mediante as instalações... Depende do Estado fazer esse investimento, agilizar aquilo que está na lei e executar o que está programado ano a ano. Se executarem, essas questões vão reduzir-se bastante”..A IGAI alerta para a falta de viaturas à disposição da PSP e GNR, escalas de serviço que “não asseguram patrulhas 24 horas” e polícias “em quantidade insuficiente para assegurar o funcionamento” das instalações policiais. Estas são algumas das falhas detetadas por esta entidade durante as inspeções, sem aviso prévio, realizadas em 2023 a 63 instalações policiais, 42 das quais a postos territoriais da GNR e 21 a esquadras da PSP..O relatório indica igualmente que há “edifícios com telhas de amianto”, instalações sem casa de banho específica para o público e “inadaptadas funcionalmente” ao efetivo feminino e ao atendimento a pessoas com mobilidade reduzida, além de não existirem salas de apoio à vítima e “uma clara identificação ou inventariação do armamento existente” na esquadra ou posto..Há, ainda, “celas de detenção sem condições de higiene e segurança, ausência de planos de emergência e existência de extintores com prazo de manutenção ultrapassado, edifícios sem sistema elétrico alternativo em situação de quebra de energia” e “mobiliário antigo, em mau estado e desatualizado, salas de espera pequenas e com mau grau de conforto e zonas de atendimento sem privacidade” são outras das conclusões da IGAI..No relatório, a IGAI recomenda à PSP e GNR um “reforço e formação” do efetivo, dos carros, equipamento e fardamento, adaptação das instalações ao exercício de funções do efetivo feminino, acesso do público a casas de banho exclusivas e adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida, criação e instalação de salas de atendimento à vítima, reparação das instalações e equipamentos que se encontram danificados e substituição das telhas em amianto.