O Exército vai investir cerca de sete milhões de euros na construção de 27 apartamentos junto ao Campo de Santa Clara, no típico bairro de Alfama, em Lisboa. De acordo com informação oficial do ramo “no âmbito da Componente Habitação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Exército Português deu início à Empreitada de Obra Pública de Reabilitação da Messe de Lisboa - Polo de Santa Clara, num investimento total de 6, 8 milhões de euros”, uma obra destinada a “garantir condições de utilização, conforto e segurança aos militares e respetivos agregados familiares”, com todas as casas “devidamente adaptadas e equipadas”.Em plena crise de habitação e tendo identificado este argumento como um dos motivos a impedir uma maior capacidade de atrair recrutas, o Chefe de Estado-Maior do Exército, general Mendes Ferrão, determinou que fosse dada prioridade absoluta na procura de soluções que pudessem mitigar este problema. Os alojamentos destinam-se a todas as categorias, praças, sargentos e oficiais.“Este projeto insere-se na estratégia de modernização e requalificação das infraestruturas sob responsabilidade do Exército Português, com especial enfoque na eficiência energética, na adequabilidade habitacional e na preservação do património. Com esta intervenção, o Exército reforça o seu compromisso em proporcionar melhores condições de vida e trabalho aos seus militares, contribuindo igualmente para a valorização e sustentabilidade do património”, sublinha em comunicado.Com o apoio do ministro da Defesa, Nuno Melo, no âmbito também do PRR, já tinha sido aprovado um projeto ainda de maior expressão, anunciado em fevereiro passado. Trata-se da criação de 427 habitações através da recuperação de 13 edifícios, que permitirão alojar cerca de 600 militares. O financiamento é de mais de 23 milhões de euros. Além dos 13 edifícios reabilitados para habitação em cidades como Lisboa, Porto, Leiria, Vendas Novas ou Constância, outros dois serão reabilitados para o ensino. De acordo com informação divulgada na ocasião, pelo ministro, as habitações deverão estar prontas em julho de 2026 e serão destinadas a alojamentos temporários (de cerca de dois ou três anos) para militares e as suas famílias, ou civis que trabalham no Exército, que pagarão uma renda mensal de cerca de 45 euros.Efetivo a aumentarA urgência de encontrar soluções de alojamento para os seus militares tornou-se ainda mais premente numa altura em que a tendência de queda do número de efetivos parece ter começado a inverter-se, conforme, aliás, o DN já tinha registado em fevereiro passado. Desde 2011 que o Exército estava a perder efetivos e essa curva descendente começara a inverter-se em outubro do ano passado.“Verifica-se uma estabilização e consequente inflexão positiva da curva no final do último trimestre de 2024. Ao longo do primeiro semestre de 2025, observa-se uma tendência de crescimento sustentado”, atualizou agora ao DN fonte oficial do ramo. “As projeções até ao final de 2025 apontam para uma evolução contínua, situando o número global de efetivos (oficiais, sargentos e praças) entre 13.300 e 13.500 militares. Particularizando a categoria de praças, até ao final de 2025, o Exército prevê um aumento entre 500 a 700 novos militares nesta categoria face ao registado em 2024”, sublinha.. No entende do Exército “esta tendência pode ser conjugada com diversos fatores, entre eles, nomeadamente o aumento do subsidio de condição militar, melhorias das condições de habitabilidade (na qual se insere o acesso a habitação e melhoria das mesmas - investimento PRR) ou mesmo através da abertura de outras formas de prestação de serviço como é o caso da criação do Quadro Permanente para a categoria de praças. Este novo quadro apresenta indicadores de atratividade como é constatado pela adesão (7 candidatos para cada vaga disponível). Entre outras medidas”.Dá como exemplo o projeto de reabilitação das 427 unidades, atrás referidas, o qual “contribui não apenas para a resposta nacional a situações de emergência habitacional, mas também para a valorização funcional e estrutural de infraestruturas militares existentes, integrando critérios de eficiência energética, conforto habitacional e sustentabilidade ambiental. Trata-se de um investimento que reforça o duplo valor estratégico das fontes de financiamento complementares: por um lado, responde a uma necessidade nacional prioritária; por outro, permite ao Exército melhorar a sua capacidade de alojamento para diferentes perfis de beneficiários, fortalecendo a sua resiliência”.