Cobertura vacinal contra a Gripe continua abaixo do recomendado.
Cobertura vacinal contra a Gripe continua abaixo do recomendado.

Excesso de mortalidade em Portugal está a normalizar. Óbitos entre os 45 e os 54 anos já estão abaixo da média

Vacinação contra a gripe alargada até aos 50 anos. A decisão foi tomada tendo em conta as vantagens para a saúde e as vacinas disponíveis.
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Desde a semana 50 de 2023, que Portugal é o único país, de entre um grupo de 24 da Europa, que regista um excesso de mortalidade muito elevado, segundo o site europeu de vigilância à mortalidade, EuroMOMO. Este registo manteve-se na primeira semana de janeiro, mas o epidemiologista da Faculdade de Ciências da Univer- sidade de Lisboa, Manuel Carmo Gomes, garante que a análise feita aos dados oficiais já indicam que a situação “está a voltar ao lugar” - ou seja, à normalidade. Sobretudo na faixa etária que mais estava a preocupar as autoridades, entre os 45 e os 54 anos, que na segunda metade de dezembro registou um excesso de mortes significativo.


O epidemiologista, que, na semana passada, tinha alertado para a conjugação de fatores que poderiam estar a levar ao excesso de mortalidade (frio, reuniões em espaço menos arejados e menos cobertura vacinal), diz agora que, na análise que fez com a sua equipa, o excesso de mortalidade registado entre as faixas etárias mais jovens, nomeadamente entre os 45 e os 54 anos, já está abaixo da média, o que indicia “não haver razão para alarme”.


Na quinta-feira, a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, em entrevista ao Público e à RR, assumiu que o excesso de mortalidade iria perdurar nas próximas semanas, mas, o epidemiologista explica que “a análise dos números oficiais demonstra que entre os dias 1 e 11 de janeiro, os óbitos entre os 45 e os 54 anos, já estão abaixo da média. Neste período foram registados 147 óbitos, quando a média é de 163, o que quer dizer que está a normalizar”.


O analista de dados destaca ainda que excesso de mortalidade na faixa etária entre os 45 e os 54 foi reduzido na primeira quinzena de dezembro - por exemplo, entre o dia 1 e o dia 10 de dezembro morreram 103 pessoas entre os 45 e os 54 anos, quando a média era de 122 - na última semana do mês subiu significativamente, e foi esta que deu origem a um excesso de mortalidade. “Já tivemos outros invernos em que a média de mortalidade esteve muito acima do normal, depois desceu, tal como agora. Portanto, na minha opinião, não há razão para alarme relativamente à mortalidade entre os 45 e os 54 anos e esta só deve ser analisada ao longo do ano e não de forma esporádica.”


Ontem mesmo foi anunciado que a idade da vacinação contra a gripe vai ser alargada até aos 50 anos. A decisão parece estar na análise entre as vantagens para a saúde dos cidadãos e o facto de haver ainda vacinas disponíveis, já que a taxa de cobertura vacinal para a faixa entre os 60 e 75 anos estar abaixo do que é recomendado - está em 63% quando deveria estar em 75%.


O professor sustenta ainda que o excesso de mortalidade a nível geral é que tem sido “consistente”. “Os números são mais robustos a partir dos 55 anos, registando-se um excesso no final de 2023 e no início de 2024. A recomendação para a vacinação era a partir dos 60 anos, e, provavelmente, este excesso está acima dos 60, e não no grupo dos 55 aos 59 anos.”

Mas, sublinha, para se alargar a vacinação até aos 50 anos deveria haver informação consistente ou aprofundada sobre as causas do excesso de mortalidade, porque, “até agora não conseguimos esmiuçar essas causas em todas as faixas etárias. Suspeitamos que a gripe tem um papel no excesso de mortalidade nos mais idosos, mas uma coisa é suspeitar, outra é poder dizer que a gripe é responsável por este excesso de mortes.”


Pela sua análise, e embora a DGS tenha avançado para a vacinação até aos 50 anos, “tudo está a ir ao lugar, ou seja a normalizar. A julgar pelo que já se esta a passar entre s 45 e os 54 anos, em os óbitos já estão abaixo da média, o resto das faixas etárias também vai ao lugar”. Mais uma vez recorda que o vírus da gripe em circulação este ano é do Tipo A (H1N1) que sempre que aparece tem um impacto enorme na mortalidade.

O site oficial que faz a vigilância da mortalidade - evm.mins-saude.pt - dava ontem conta que, nos últimos sete dias, foram registado 638 mortes a mais em relação às que eram esperadas para esta época, precisamente há uma semana este número estava em 751. 

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