Em dois anos foi possível otimizar a eficiência de hospitais melhorar a qualidade de vida de uma pessoa com esclerose lateral amiotrófica que estava locked in e consegue agora comunicar com o exterior, contribuir para a aprovação da primeira regulação supraestatal sobre desenvolvimento responsável de Inteligência Artificial, além de lançar e desenvolver vários produtos de IA no mercado..Criado em 2022 com o objetivo de promover o desenvolvimento responsável de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e facilitar a ligação entre os vários players nacionais - startups tecnológicas, centros de investigação, investidores e consumidores -, o Center for Responsible AI assinala esta terça-feira o 2.º aniversário com um fórum, na Casa da Música, no Porto, durante o qual estes e outros pontos serão assinalados, com demonstrações “ao vivo”..Os progressos conseguidos na área da Saúde estão entre os que mais orgulham Paulo Dimas, presidente do centro. “Estamos a poupar horas aos médicos nos hospitais, a aumentar a eficiência e a libertar camas mais rápido. Todas essas métricas podem ser demonstradas em Portugal, isso tendo um impacto imediato, ajudando a salvar vidas”, afirma em conversa com o DN..Dimas refere-se a projetos, criados pelo centro em parceria com o Hospital de São João, no Porto, de automação de rotinas por via informática, que assim libertaram tempo de médicos e outros especialistas. Esta terça-feira, também neste sentido, será apresentado outro projeto: o PCare, um produto de IA criado pela Priberam - que será apresentado por Gonçalo Correia -, que atua como um “assistente inteligente que mostra informação relevante de testes clínicos para ajudar médicos a tomar decisões melhores e mais rápidas”..Outro projeto a referir, alvo já de várias reportagens pela sua inovação, o Halo, um produto da Unbabel, é um interface neural não-invasivo (parece-se com óculos e fones) que permite a pacientes, que perderam a capacidade de comunicar, voltarem a “falar”. Mas se até agora a comunicação era feita por mensagens escritas - tipo Whats- App -, esta terça-feira, a líder de projeto Catarina Farinha subirá ao palco para demonstrar um avanço significativo, como antecipa Paulo Dimas ao DN: “Vamos ter uma chamada Zoom com um paciente a falar com a Catarina, que vai estar no palco da Casa da Música. Ele vai estar a falar mesmo. [A comunicação] já não é por WhatsApp, mas passa a ser por fala. Ele vai poder responder com a sua voz!”.Nova app e futuro autónomo.A portuguesa Sword Health, atualmente já valorizada nos EUA acima dos 2 mil milhões de dólares - “e é líder de mercado nos Estados Unidos”, afirma Dimas - é também membro fundador do Center for Responsible AI e estará no Porto para “apresentar um novo produto que está a ser desenvolvido”. .Chama-se Bloom e Ivo Magalhães irá demonstrar, numa demo, como a IA pode ajudar os utilizadores a fazer terapia pélvica em exercícios de chão, integrando sensores e interfaces assistidos por Inteligência Artificial..Ao todo serão seis os projetos que subirão ao palco, incluindo ainda as áreas do Direito (Affine Knowledge Discovery da NeuralShift), e a assistência ao cliente e privacidade (Genius Assistant, da Automaise, e Conversational AI & RAILS, da Visor.AI)..Mas o objeto do fórum será também, naturalmente, a discussão do desenvolvimento da IA de forma responsável. “Vamos ter [como oradora] Virginia Dignum, membro do Advisory Body on Artificial Intelligence das Nações Unidas, que foi criado pelo secretário-geral, António Guterres, para, de certa forma, criar uma espécie de Governance Global na área da Inteligência Artificial. No fundo, para posicionar as Nações Unidas como supervisora da IA à escala global... com as limitações todas que nós reconhecemos”, destaca Paulo Dimas..Um caminho iniciado pela União Europeia, com a aprovação do AI Act, a primeira regulamentação internacional nesta matéria e que incluiu muitas das recomendações do centro português. .E quanto ao futuro? “Vamos mudar-nos para Alvalade, para o AI Hub”, diz Dimas, revelando que o Center se vai assim autonomizar da empresa Unbabel. E continuar a “criar este ecossistema de IA que permita acelerar a criação de produtos que partam da investigação para o mercado, para se diferenciarem, todos eles alinhados por uma estratégia baseada nos princípios da Inteligência Artificial responsável”. Sempre com core português, mas “com a missão de crescer a nível europeu”.