Esta foto correu mundo. Mas o autor está praticamente isolado
Eram cerca de 18:00 de domingo quando Hélio Madeiras, 36 anos, subiu à torre dos bombeiros de Vieira de Leiria e, com o telemóvel, tirou a fotografia que se tornou símbolo desta vaga de incêndios, que fez 37 vítimas mortais. Desde então, a imagem já correu mundo, dos Estados Unidos à China. "Não tenho bem a perceção do que aconteceu", conta ao DN o bombeiro, que agora está em Oliveira de Frades.
"Desde domingo que estamos praticamente isolados. As comunicações estão cortadas, a internet é escassa...", resume Hélio Madeiras. Mas, nos momentos em que teve contacto com o mundo, viu os contactos de "jornalistas de todo o mundo" a pedir-lhe autorização para usar a imagem. Da China, aos Estados Unidos, sem esquecer vários países da Europa e a agência da ONU para as alterações climáticas.
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Sem tempo para responder a todas as solicitações ou para ler todos os comentários à cena dantesca que se vê na imagem, Hélio Madeiras reparou contudo que muitos chegaram a duvidar da veracidade da fotografia tal era a dimensão da coluna de fumo que se via. "Tive alguém que me enviou uma mensagem a pedir desculpa por ter duvidado", conta este bombeiro, que é voluntário há 19 anos e que está há 12 na Força Especial de Bombeiros, atuando, no inverno, como recuperador salvador na Autoridade Nacional de Proteção Civil.
Fez a fotografia, mas não foi combater aquele incêndio com os voluntários de Vieira de Leiria. Estava já mobilizado para ir para Cinfães com a Força Especial de Bombeiros. "Na viagem apanhámos cenários dantescos", diz. Depois seguiu para Oliveira de Frades, onde celebrou o 26.º aniversário no meio do fogo. "Tive muitas velas para apagar", comenta com uma dose grande de humor negro. É lá que estará até quinta-feira, agora com a situação já mais calma.
Gestor da página de Facebook dos bombeiros, diz que tem muitas mais fotografias como aquela e outras que mostram o trabalho dos bombeiros nas várias vertentes da atividade.
O número de mortos causados pelos incêndios que deflagraram no domingo aumentou para 37, segundo anunciou hoje a Autoridade Nacional da Proteção Civil. A adjunta de operações, Patrícia Gaspar, revelou que o número de mortes aumentou na sequência da morte, hoje, de uma pessoa que estava internada no hospital de Coimbra.
A mesma responsável disse ainda que seis dos sete desaparecidos foram encontrados com vida.