Escola Segura quer alunos a sensibilizar os pais para "boas práticas" e contra a violência

Arrancou esta segunda-feira (27) a 3.ª edição da campanha “Violência? Não, obrigado!”, em mais de 3 mil estabelecimentos de ensino pelo país. Serão levadas pelos polícias mensagens de sensibilização para a não violência e ensino de dicas para resolverem os conflitos e forma pacífica. As ações decorrem até o dia 31 de janeiro, sendo assinalado a 30 de janeiro o Dia Escolar da Não Violência e da Paz.

Ao DN, a comissária Patrícia Nunes explica que um dos objetivos é que estas mensagens sejam levadas para casa e ensinadas também aos pais. "Além de nós falarmos com os alunos e sensibilizá-los para aquilo que são boas práticas e para aquilo que são más práticas, nós, através dos conselhos que lhes damos, também conseguimos chegar aos pais, principalmente quando nós temos estas ações de sensibilização em faixas etárias mais pequenas", argumenta.

A "estratégia" já é usada com sucesso, por exemplo, na temática da prevenção rodoviária. "Quando eles conseguem 'beber' estes bons comportamentos da polícia, eles próprios vão influenciar os pais a terem também estas condutas. Se nós dissermos aos alunos que não se pode andar no carro sem usar cinto de segurança, eles vão precisamente fazer esse reparo aos pais, se os pais, por acaso, estiverem com o cinto de segurança ou usar o telemóvel", exemplifica.

Patrícia Nunes conta que, em geral, os miúdos são bastante interventivos nas palestras. O desafio maior está em conversar com os alunos do secundário. "É mais difícil dialogar com eles e querer que ouçam a nossa mensagem. Eu até costumo dar este exemplo. Às vezes é difícil ouvirem os pais, quanto mais a polícia. Este é um dos desafios que temos", analisa. A isto, acresce o desafio de estarem sempre com os telemóveis na mão e não se concentrarem.

De acordo com a comissária, o uso excessivo das redes sociais também é um tópico abordado. "É alertá-los para os perigos também de estarem constantemente conectados, de estarem sempre online e dos perigos da utilização da internet. A internet é uma tecnologia fantástica, mas tem que ser usada de forma responsável e nas nossas ações também tentamos passar essa mensagem", detalha.

Ainda entre os jovens, a ação da PSP também procura sensibilizar para a responsabilização das ações. "Explicamos que as condutas criminais poderão ter interferência no seu futuro, tanto a nível académico como depois de conseguirem arranjar trabalho. Apesar de a maior parte deles ter menos de 16 anos e serem menores, que todas as suas condutas têm consequências, sejam elas no âmbito criminal ou não", realça.

Aumento de oorrências no espaço escolar

De acordo com dados das Equipas do Programa Escola Segura (EPES), no ano letivo 2022/2023 foram registadas 3.824 ocorrências relacionadas com o espaço escolar (interior, exterior e percursos casa-escola-casa). Já em 2024 tiveram um aumento, totalizando 4.107. Destas, 2.956 ocorrências foram de natureza criminal, o que equivale a 72% do total de ocorrências registadas no âmbito do PES. Das ocorrências criminais registadas, 71,4% tiveram lugar no interior do recinto escolar.

Tal como nos anos anteriores, as agressões, injúrias e ameaças continuam no topo das ocorrências mais reportadas. Ao mesmo tempo, neste último ano letivo, houve o número mais baixo de roubos dos últimos 5 anos (75), o que representa um decréscimo de cerca de 9% em comparação a 2022/2023.

No diz que respeito ao uso de armas, em 2023/2024 foram ainda registadas 38 ocorrências, quatro a mais do que no período anterior. Foram detetadas cinco armas de fogo, quatro armas de outras tipologias e 30 armas brancas.