A embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, afirmou esta sexta-feira que vai cessar funções "nos primeiros dias de outubro" e que partirá "com saudade"..Em declarações em Braga, à margem de uma iniciativa de solidariedade com a cidade ucraniana de Ivano-Frankivsk, Inna Ohnivets disse ainda que a sua saída é um processo "normal" e afirmou desconhecer quem lhe sucederá no cargo.."Trabalho aqui há sete anos. Para os embaixadores ucranianos, o termo da missão diplomática no estrangeiro é quatro anos", referiu, para dar conta de que se trata de um processo normal..O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destituiu Inna Ohnivets das funções de embaixadora da Ucrânia em Portugal, segundo comunicou em 24 de junho o chefe de Estado no seu site oficial..Hoje, Inna Ohnivets diz que sai "muito satisfeita" com o seu desempenho, por ter conseguido estabelecer contactos "bem-sucedidos" a diferentes níveis, e que deixa "muitos amigos em Portugal".."É um país maravilhoso, adoro a língua portuguesa, gosto muito de Portugal. Vou terminar a minha missão com saudade", rematou..Inna Ohnivets, considerou que a anunciada mobilização de 300 mil reservistas russos para a guerra não vai impedir a vitória do seu país, considerando que a Ucrânia conseguirá a vitória graças ao "armamento moderno fornecido pelos países ocidentais".."Na minha opinião, isso [mobilização de reservistas] não vai influir nos resultados da guerra. Na guerra moderna, é muito importante ter o armamento moderno e sofisticado e com este armamento é possível destruir o exército do inimigo", referiu..A embaixadora admitiu que a Rússia tem mais soldados do que a Ucrânia e um armamento maior, mas reiterou que isso não vai impedir o seu país de ganhar a guerra.."Na realidade, temos resultados positivos no campo de batalha, porque temos o armamento moderno fornecido pelos países ocidentais e isso vai assegurar para a Ucrânia a vitória", sublinhou..A embaixadora da Ucrânia em Portugal, classificou ainda como "uma provocação" os "referendos" que a Rússia está a realizar para anexação dos territórios ucranianos ocupados e garantiu que o seu país não vai reconhecer os resultados.."Consideramos a realização [dos referendos] como uma provocação e uma violação da legislação ucraniana e claro que não vamos reconhecer os resultados destes referendos. Espero que todo o mundo democrático também não reconheça", afirmou..Para a embaixadora, a realização dos referendos "mostra a continuação, pelo regime do Kremlin, dos crimes de guerra e da violação das normas internacionais sobre o direito de soberania e de independência do povo ucraniano"..Os referendos sobre a adesão dos territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson à Federação russa começam hoje e decorrem até 27 de setembro, indicaram as autoridades pró-russas dessas regiões..Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre hoje e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporijia, parcialmente sob domínio russo..O anúncio oficial de realização dessas consultas populares para anexação dos territórios ucranianos sob ocupação russa foi feito num discurso à nação proferido na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, juntamente com o da mobilização de 300.000 reservistas russos para combater na Ucrânia e de uma ameaça velada de utilização de armas nucleares contra o Ocidente..De imediato surgiram críticas dos países ocidentais e organizações internacionais ao discurso de Putin, que classificaram como uma nova tentativa de escalada do conflito por parte do chefe de Estado russo..O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se pronunciou sobre tais declarações, afirmando-se "profundamente preocupado" com os planos de Moscovo de efetuar referendos sobre a adesão de territórios ucranianos ocupados à Federação russa.