Em 2011, elétrico no Rio de Janeiro
descarrilou, matou seis e feriu 57
Rodrigo Soldon

Em 2011, elétrico no Rio de Janeiro descarrilou, matou seis e feriu 57

Bonde de Santa Teresa teve problema no sistema de travagem, bateu num poste e causou tragédia. Veículo esteve paralisado por quatro anos. Ninguém foi ainda responsabilizado 
Publicado a
Atualizado a

O Bonde de Santa Teresa, estrutura no Rio de Janeiro semelhante ao lisboeta Elevador da Glória, sofreu um acidente a 27 de agosto de 2011, ao descer a rua Joaquim Murtinho, que causou seis mortos e 57 feridos. O elétrico, chamado no Brasil de “bonde” ou “bondinho”, estava sobrelotado e sem travões quando tombou e atingiu um poste. Durante quatro anos, o veículo ficou paralisado. Até hoje, ninguém foi responsabilizado.

Ambos os acidentes envolvem elétricos históricos e centenários - o da Glória opera desde 1885, o de Santa Teresa desde 1896 - tradicionalmente utilizados tanto por moradores quanto por turistas. Na ocasião, engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura que fizeram a vistoria ao local constataram que, em vez de parafusos, um pedaço de arame prendia uma peça próxima a um dos mecanismos de travagem. 

Segundo o engenheiro Luiz Carlos Cosenza, citado pela imprensa brasileira da época, além do desgaste das peças e da falta de manutenção, a sobrelotação do elétrico - mais de 60 pessoas em vez das 40 permitidas - foi outro dos fatores que contribuíram para o acidente. “Não deveria haver arame de forma nenhuma, não acredito que isso tenha sido a única causa do acidente, mas mostra o grau de degradação do sistema de bondes no Rio de Janeiro”, disse Cosenza.

Cinco funcionários foram acusados por homicídio e lesão corporal culposa mas não houve condenações. Quatro pessoas morreram logo após o impacto, uma já no hospital e outra uma semana depois do acidente.

“O acidente aconteceu exclusivamente por degradação do sistema e falta de manutenção dos bondes. Aliás, a tragédia foi a deixa para os governantes, em vez de fazerem a manutenção no que já existia, e que saía muito mais barato, fazer negócios com o dinheiro público. Porque manutenção e restauração não dão voto. O que dá voto é comprar um bonde novo e tecnológico, mesmo que não atenda às necessidades da população", afirmou o arquiteto Paulo Saad, presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, em reportagem de 2021, exatos 10 anos após o acidente, no site G1. 

Outros moradores do bairro lamentaram na mesma reportagem que, depois do acidente, o elevador que liga as estações Carioca e Dois Irmãos tenha ficado estigmatizado como um transporte perigoso e ultrapassado.

Em 2011, elétrico no Rio de Janeiro
descarrilou, matou seis e feriu 57
Proteção Civil de Lisboa corrige número de mortos para 16. Moedas pede "investigação externa independente"
image-fallback
Carris vai revitalizar tradicional bondinho do Rio de Janeiro

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt