Dono do Teatro Maria Vitória acusado de despedir mulher por ser trans
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Dono do Teatro Maria Vitória acusado de despedir mulher por ser trans

Íris Redol, de 26 anos, diz que só trabalhou três dias e que depois foi dispensada. Hélder Costa nega a acusação e diz que não quer ver o seu nome “misturado em tricas”.
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Uma mulher acusou o dono do Teatro Maria Vitória (Lisboa) de transfobia, ao tê-la despedido pelo único motivo de ser uma pessoa trans, acusações que Hélder Costa negou, mas que um elemento da produção corroborou.

Em declarações à agência Lusa, Íris Redol, 26 anos, contou que foi trabalhar para o teatro lisboeta em 26 de março deste ano, como assistente de camarim, por indicação de uma amiga que tinha trabalhado no Maria Vitória nessas mesmas funções e que ela iria substituir.

“Ela sabia que eu tirei o curso de moda e [como assistente de camarim] é um trabalho que às vezes é preciso fazer arranjos de costura, coisas básicas, bainhas, etc, coisas assim, ela chamou-me, perguntou-me se eu estava interessada e eu disse-lhe que sim”, recordou.

Segundo Íris, a amiga levou-a ao teatro, explicou-lhe que funções iria desempenhar e que rotinas teria de cumprir e, a partir de finais de março, Íris começou a trabalhar de forma autónoma. O que só aconteceu durante três dias.

“Eu trabalhei sexta, sábado e domingo. Na última sessão, eu estava a fazer o meu trabalho e fui ao camarim do [ator] Paulo Vasco ajudá-lo a trocar de roupa e estava lá o senhor Hélder Costa”, contou.

Disse que apesar de saber que Hélder Costa é o dono do Maria Vitória, nunca tinham sido apresentados formalmente e que dois dias depois deste encontro recebe um telefonema em que a informavam que o teatro dispensava o seu trabalho.

“Hélder Costa não aceitava que eu era uma mulher, [disse] que não me iria tratar pelo meu nome e que não me queria a trabalhar ali”, relatou Íris, contando o que ouviu do outro lado do telefone.

Contactado pela agência Lusa, o dono do teatro Maria Vitória negou as acusações e disse não querer ver o seu nome “misturado em tricas”, apontando que Íris não trabalhava no teatro.

Segundo Helder Costa, a decisão de dispensar Íris teve a ver com o facto de não ter tido conhecimento da sua contratação e de qualquer contratação ter de ter a sua autorização. Disse desconhecer quem tenha dado autorização para que Íris Redol começasse a trabalhar no teatro.

Recusou liminarmente que a sua decisão tenha tido a ver com o facto de Íris ser uma mulher trans. No entanto, um elemento da produção com quem a Lusa falou, mas que pediu anonimato, garantiu que esse foi o motivo do despedimento.

Na conversa com a Lusa, Íris Redol disse estar a ponderar apresentar queixa e a informar-se de tudo o que será necessário para o fazer.

Em relação à discriminação de que disse ter sido alvo, revelou que foi a primeira vez em que lhe aconteceu terem sido tão honestos no preconceito.

“Normalmente inventam só uma desculpa qualquer. Foi a primeira vez que me disseram que de facto é por isto que vais embora”, disse.

Acrescentou que entretanto, e para lidar com a situação, faz terapia e tenta “viver um dia de cada vez”.

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