Até abril, já nasceram 21 bebés em ambulâncias, a maior na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Até abril, já nasceram 21 bebés em ambulâncias, a maior na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Direção Executiva reúne com hospitais da Margem Sul para resolver fechos das urgências de obstetrícia

No fim de semana, não haverá maternidades abertas na Margem Sul, indica a escala do SNS. O DN sabe que a DE reuniu com os hospitais para reorganizar escalas e manter uma urgência aberta até no verão
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As urgências de Obstetrícia-Ginecologia da Margem da Sul voltam a ser notícia esta semana. Tudo porque sábado e domingo, dias 3 e 4, segundo a escala das urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS), estarão todas encerradas, nomeadamente as dos hospitais Garcia de Orta, Barreiro e Setúbal. Se assim for, a única solução para as mulheres desta região, grávidas ou com outros problemas, será atravessar a ponte 25 de Abril para poderem dar à luz ou serem observadas numa unidade de Lisboa.

Mas o cenário que a mesma escala indicava na segunda-feira, dia 28, ainda antes do apagão energético, e que o DN consultou, era ainda pior. As três maternidades estariam fechadas durante quatro dias, a partir desta quinta-feira, dia 1. Simplesmente, e segundo foi explicado ao DN por fonte ligada ao processo, a Direção Executiva do SNS acabou por reunir nos últimos dias com as administrações das três Unidades Locais de Saúde que integram os três hospitais, conseguindo que “as escalas fossem reorganizadas na quinta e na sexta-feira, havendo assim uma maternidade aberta”. Ou seja, no dia 1, a urgência de Obstetrícia do Garcia de Orta estará a funcionar e a do Barreiro fecha. No dia 2, será ao contrário. A urgência do hospital de Setúbal estará no dia 1 só aberta ao CODU, casos urgentes, e depois fecha até domingo.

A mesma fonte destaca ao DN que a informação referente ao próximo fim-de-semana ainda pode ser alterada, recomendando assim “ser importante que se consulte sistematicamente o Portal do SNS para se saber se algo mudou”. Ou então que se “entre em contacto com a Linha SNS Grávida para se saber para onde pode ser encaminhada”.

Ao DN foi ainda referido que a Direção Executiva está a tentar resolver também a situação complicada que se advinha já para os meses de verão, estando a procurar em conjunto com as unidades “uma reorganização das escalas para maio, junho, julho e agosto de forma a que seja possível apresentar uma proposta para o verão que permita manter sempre em funcionamento, pelo menos, um dos serviços”.

Até agora, os piores dias têm sido os fins-de-semana e os períodos de férias, como a Páscoa, mas com as férias de verão a iniciarem-se em junho prevê-se que, mesmo durante a semana, possa haver períodos “muito complicados”.

Presidente de comissão “não percebe” porque há só dificuldades aos feriados e fins-de-semana

O presidente da Comissão Nacional para a Saúde Materna Infantil, que tem tido a seu cargo a reorganização dos serviços de urgência na área da obstetrícia e pediatria, voltou a reforçar ao DN que esta região precisa, de facto, de uma intervenção particular, lembrando que a comissão que dirige apresentou uma proposta à tutela de Ana Paula Martins que incluía a criação de uma rede de referenciação específica para a Península de Setúbal, bem como a criação de um Centro Materno Infantil numa das unidades diferenciadas, nomeadamente no Garcia de Orta.

Mas sobre os fechos já no próximo fim de semana é taxativo, ao afirmar: “Não percebo porque é que há dificuldades sempre em dias de fim-de-semana ou nos feriados. As escalas têm de ser feitas ao longo do mês. Não há dias melhores, nem piores. São todos iguais”. Alberto Caldas Afonso dá como exemplo outros hospitais com menos especialistas que as unidades da Margem Sul e que “nunca fecham. Veja o caso do serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital de Cascais”.

O médico questiona ainda como “é possível não haver ninguém nestes fins-de-semana para manter uma das urgências aberta? Penso que teria de haver uma reorganização das escalas, e acho que terá sido isso que aconteceu já relativamente a quinta e a sexta-feira”.

O DN confrontou a Direção Executiva sobre o encerramento das três urgências no sábado e no domingo e para onde iriam ser encaminhadas as grávidas ou as mulheres que tivessem necessidade de cuidados e como estava esta situação a ser resolvida, mas não obteve qualquer resposta em tempo útil.

As unidades de Lisboa, nomeadamente a Maternidade Alfredo da Costa, têm sido o destino mais frequente das parturientes da Margem Sul, mas também há casos em que estas mulheres acabam por dar à luz nas ambulâncias e antes de atravessar a ponte 25 de Abril. De acordo com dados oficiais, até ao início de abril 21 bebés tinham nascido em ambulâncias a maioria das mães era da Margem Sul, o que “é um reflexo dos problemas nas urgências”.

Por outro lado, estes serviços também têm sido notícia pela saída de médicos. No último mês, tal como foi noticiado, pelo menos sete médicos especialistas iriam sair do serviço de Obstetrícia-Ginecologia do Garcia de Orta. Segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, uns por rescisão de contrato e um último por reforma. Na altura, a administração da unidade apenas confirmou a saída de um médico, referindo que já estaria a trabalhar na sua substituição.

Mais urgências fechadas na região de Lisboa e Vale do Tejo

Mas, neste fim-de-semana, não é só a Margem Sul que vai ter as urgências de Obstetrícia-Ginecologia encerradas. O cenário no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora) é ainda pior, porque este serviço vai estar encerrado durante os quatro dias, segundo a escala apresentada pelo SNS. O serviço de Vila Franca de Xira fecha três dias: sexta, sábado e domingo. O do Hospital de Santarém fecha quinta e sexta, o do hospital de Abrantes sábado e domingo. O das Caldas da Rainha fecha no sábado.

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