Diamante encontrado no gabinete de Pedro Calado é, afinal, verdadeiro. Está avaliado em 50 mil euros
É verdadeiro e está avaliado em 50 mil euros. É este o resultado da avaliação da Imprensa Nacional Casa da Moeda ao diamante encontrado no gabinete do agora ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, durante as buscas da Polícia Judiciária, no âmbito de investigações que visam suspeitas de corrupção na Madeira.
A informação foi avançada pela CNN Portugal, recordando que "uma pedra aparentemente preciosa, embrulhada em papel vegetal" tinha sido encontrada na "gaveta da secretária" durante as buscas.
Confrontado com o que as autoridades descobriram durante as buscas ao gabinete de Pedro Calado, o advogado do ex-autarca, Paulo Sá e Cunha, disse que se tratava de um "diamante sintético", um "objeto de valor desprezível". A avaliação da Imprensa Nacional Casa da Moeda, com certificação oficial, vai, no entanto, em sentido contrário e conclui que se trata, afinal, de um diamante verdadeiro, avaliado em 50 mil euros.
A avaliação foi realizada em tempo recorde, segundo o canal de notícias, e é do conhecimento do juiz de instrução, antes de decretar as medidas de coação aos detidos no âmbito da operação que visou suspeitas de corrupção na Madeira e que levou Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, agora demissionário, a ser constituído arguido.
O diamante terá sido oferecido ao ex-autarca por uma empresa, segundo afirmou o advogado de Pedro Calado. Também Albuquerque terá recebido um presente idêntico.
"Trata de um elemento de uma produção de diamantes sintéticos produzidos por uma empresa da zona franca da Madeira, que foi visitada, quer pelo meu constituinte, quer pelo dr. Miguel Albuquerque, em que lhes foi oferecida uma amostra do produto. Não se trata de um diamante genuíno mas de diamante sintético, sendo que é um objeto de valor desprezível. Está esclarecido o que é", disse Paulo Sá e Cunha em declarações aos jornalistas, junto ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), no Campus de Justiça, em Lisboa.
Após 14 dias de detenção, Pedro Calado começou a ser ouvido hoje de manhã, durante cerca de duas horas, após terminadas as inquirições aos dois outros suspeitos de corrupção na Madeira, os empresários Custódio Correia e Avelino Farinha.
O ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado continuou a ser ouvido à tarde. "Está naturalmente cansado e está numa situação de privação da liberdade, que (...) é muito desagradável, no entanto está muitíssimo concentrado na sua defesa e está, julgo eu, consciente de que é importante defender-se, e tem tido um belíssimo desempenho no que respeita ao esclarecimento de todas as questões que foram levantadas pelo Ministério Público", afirmou o advogado do ex-autarca-
Paulo Sá e Cunha. O interrogatório começou, está a andar a bom ritmo e eu, enfim, com algum otimismo prevejo que amanhã [quarta-feira] poderemos concluir o interrogatório"
O interrogatório de Pedro Calado prossegue amanhã a partir das 09:30. Paulo Sá e Cunha prevê, "com algum otimismo", que seja concluído esta quarta-feira.
O advogado de Avelino Farinha disse hoje que o interrogatório judicial ao seu cliente "correu bem".
"Há sempre coisas que não são exatamente como nós esperávamos, coisas um bocadinho diferentes, como já referi, isto é tudo muito dinâmico, mas correu muito bem", afirmou Raul Soares da Veiga, questionado à porta do TCIC.
O advogado do empresário do grupo AFA admitiu esperar que o Ministério Público "entenda que poderá ter sentido outro tipo de medidas de coação mas não medidas detentivas", tal como defende, e que essa opinião seja também "a do senhor juiz".
Na segunda-feira terminou, cerca das 17:30, a inquirição ao empresário Avelino Farinha, líder do grupo AFA, três dias depois de ter começado.
Já o empresário Custódio Correia, acionista do grupo Socicorreia, foi o primeiro dos três suspeitos do processo de alegada corrupção a ser ouvido pelo juiz de instrução criminal Jorge Bernardes de Melo.
Só no final de todos os interrogatórios serão conhecidas as medidas de coação.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e renunciou ao cargo, o que foi formalmente aceite pelo representante da República na segunda-feira e publicado em Diário da República no mesmo dia.
Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
Com Lusa