D. José Ornelas nega encobrimento de abusos de menores
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, negou esta quarta-feira em Fátima que não houve "nenhum encobrimento" de abusos sexuais, numa reação à notícia do Público de o Ministério Público o estava a investigar num segundo caso de alegado encobrimento de suspeitas de abuso sexual de menores, relacionado com um padre da paróquia de Fafe, que tinha sido investigado pelo menos uma vez pelo MP, num caso que foi arquivado em 2015.
O bispo José Ornelas disse estar "tranquilo" e que foram tomadas "as medidas adequadas", mas garante que a Igreja Católica não se conforma com "o que aconteceu".
O presidente da CEP não quis comentar as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que esta terça-feira disse que as mais de 400 denúncias já feitas à Comissão Independente não lhe parecem um número "particularmente elevado". "Qualquer número é demasiado", frisou José Ornelas, que disse que "esta é a hora da Justiça".
O bispo recordou ainda que "a perceção destes assuntos foi evoluindo" ao longo do tempo.
Segundo o Público, o padre de Fafe em causa pertenceu à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (padres dehonianos) até junho de 2014 e foi afastado da Arquidiocese de Braga por decisão do Papa Francisco.
Num esclarecimento divulgado esta quarta-feira à Lusa, a CEP explica que a primeira denúncia do caso do sacerdote teve lugar em 2003 e foi alvo de uma averiguação interna por parte da Congregação dos Padres Dehonianos, tendo a alegada vítima negado qualquer abuso.
"A mesma [alegada vítima] reconfirmou a sua posição em 2014, em tribunal", acrescentou.
A Conferência Episcopal Portuguesa reafirma que foi aberta uma investigação interna ao caso do padre pela Arquidiocese de Braga, entidade competente para o fazer em 2014, altura em que o mesmo já tinha deixado a Congregação dos Padres Dehonianos e já estava "incardinado" na Arquidiocese.
"Essa investigação, a pedido da Arquidiocese de Braga, foi realizada pelo então Superior Provincial dos Dehonianos em Portugal", salienta.
Em jeito de conclusão, a CEP reitera a vontade de toda a Igreja em encontrar os mecanismos mais eficazes para "erradicar o triste fenómeno dos abusos, em colaborar sempre com as autoridades civis e em escutar as vítimas".
Acrescentando que continuará "sempre disponível" para prestar os esclarecimentos necessários.
Em 01 de outubro, o MP confirmou estar a investigar o bispo José Ornelas por alegado encobrimento de abusos sexuais, referindo ter recebido sobre esta matéria uma "participação provinda da Presidência da República".
Na segunda-feira passada, em entrevista à TVI, José Ornelas contou que recebeu um telefonema do Presidente da República a dizer-lhe "que tinha mandado para a PGR" esta queixa.
O Presidente da República manteve hoje que o contacto que teve com José Ornelas não terá consequências na investigação criminal, após ter sido noticiado que o bispo está a ser investigado pelo MP num segundo caso.