Quando na conferência dos 160 anos do Diário e Notícias o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) declarou que o rácio de estrangeiros detidos por esta polícia – que investiga os crimes mais violentos e graves - tinha diminuído em 2023, face a 2009, tinha várias folhas de papel na mão que sustentavam a sua conclusão. "Em 2009 tínhamos detidos 631 estrangeiros. (…) Em 2009 tínhamos – são dados objetivos – 454.000 imigrantes e foi uma das maiores relações que tivemos entre cidadãos estrangeiros em território nacional e o cometimento de crimes, portanto, detidos. Os dados de 2023 são: 1,044 milhões de cidadãos estrangeiros” e "por rácio de detidos, o segundo número mais baixo. O primeiro foi em 2020", explicou o diretor nacional da PJ. .De acordo com esses dados oficiais, sistematizados pela própria PJ (ver tabela), a evolução desse rácio, calculado pelo número de detidos não-portugueses por 100 mil titulares de autorização de residência, foi em sentido oposto ao crescimento do fluxo migratório.. De acordo com esses dados oficiais, sistematizados pela própria PJ (ver tabela), a evolução desse rácio, calculado pelo número de detidos não-portugueses por 100 mil titulares de autorização de residência, foi em sentido oposto ao crescimento do fluxo migratório.. Ou seja, à medida que a quantidade de estrangeiros no nosso país – e trata-se apenas dos que estão regularizados – foi aumentando, o rácio de detidos foi decaindo, chegando a 2023 com o segundo menor valor em 15 anos (49,1 por 100 mil residentes), só superado no ano de 2020, período da pandemia da Covid-10, com 47,5. .Olhando a tabela “objetiva” da PJ, em 2009, quando o número de estrangeiros em Portugal não superava ainda o meio milhão, o rácio situava-se em 138,9 detidos por 100 mil residentes, com um total de 631 presos; em 2023, com mais de um milhão, o rácio foi de 49,1 – com um total de 513 presos pela Judiciária.. Olhando a tabela “objetiva” da PJ, em 2009, quando o número de estrangeiros em Portugal não superava ainda o meio milhão, o rácio situava-se em 138,9 detidos por 100 mil residentes, com um total de 631 presos; em 2023, com mais de um milhão, o rácio foi de 49,1 – com um total de 513 presos pela Judiciária. Nestes 15 anos, com algumas oscilações pequenas, a tendência foi sempre de descida de detidos, enquanto os imigrantes regularizados aumentavam. Para 2024 ainda não é conhecido o número de estrangeiros residentes, mas a previsão será de uma nova subida.Na sua intervenção – que se tornou viral nas redes sociais – Luís Neves que contextualizou a sua perspetiva, como a de alguém que trabalhou durante “24 anos na unidade que tem a responsabilidade de combater o crime mais grave, o mais violento, as ações criminosas e o terrorismo”, frisou que estes detidos estrangeiros não são propriamente imigrantes. "Temos de fazer uma destrinça entre o que é estrangeiros que utilizam o território europeu para a prática de crimes - estamos a falar de organizações criminosas transnacionais, tráfico de estupefacientes, cibercrime, muita cocaína, o haxixe, o cibercrime de uma forma ampla, a criminalidade contra o património”, clarificou. Segundo o diretor da PJ, boa parte destes estrangeiro integram “aquilo que é designado como a criminalidade itinerante – da América Latina, do Leste – que acabam por ser presos aqui. Não são imigrantes. Estamos a falar sobretudo no tráfico". Este tipo de crime está classificado por nacionalidades: nacionais (portugueses), países da África, países da América do Sul. "À cabeça está a questão das 'mulas', pessoas pobres que são utilizadas para ações criminosas, para trazer droga dentro do corpo, que nós prendemos, por ano, às dezenas ou até às centenas – normalmente mulheres – que aqui cumprem normalmente três, quatro, cinco anos e regressam ao país de origem", disse.Na conferência do DN Luís Neves desconstruiu os “discursos populistas” (sic) que relacionam um aumento da criminalidade com o aumento da imigração de duas formas. .Em 2010, por exemplo, segundo os dados do Relatório Anual de Segurança Interna, foi o valor mais elevado em quase 20 anos (2005 a 2023) com 24 449 crimes violentos e graves participados: o rácio de detidos pela PJ, face ao número de residentes foi de 130,3. Em 2023, com 14 022 crimes violentos e graves participados, o rácio foi de 49,3.. A primeira foi o referido rácio, a segunda foi recordar os tempos com o maior pico de criminalidade e menos imigrantes, com explosões de multibancos, carjackings, homicídios. .Em 2010, por exemplo, segundo os dados do Relatório Anual de Segurança Interna (ver tabela), foi valor mais elevado em quase 20 anos (2005 a 2023) com 24 449 crimes violentos e graves participados: o rácio de detidos pela PJ, face ao número de residentes foi de 130,3. Em 2023, com 14 022 crimes violentos e graves participados, o rácio foi de 49,3.