Costa destaca novas sanções à Rússia esforço para desbloquear fertilizantes
Foi aprovado um nono pacote de sanções da UE contra a Rússia, que inclui medidas restritivas para mais 200 indivíduos e entidades e restrições no acesso das forças russas a drones.
O primeiro-ministro, António Costa, saudou esta quinta-feira em Bruxelas a aprovação da ajuda macrofinanceira à Ucrânia e o acordo sobre o novo pacote de sanções à Rússia, destacando, neste caso, os elementos para desbloqueio da exportação de fertilizantes, reclamado pela ONU.
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Numa conferência de imprensa no final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), na qual os 27 aprovaram enfim o pacote de ajuda à Ucrânia para 2023 num montante de 18 mil milhões de euros, Costa regozijou-se por também ter sido 'fechado' o nono pacote de sanções à Rússia, apontando que o mesmo "tem uma dimensão muito importante para corresponder aos sucessivos apelos do secretário-geral das Nações Unidas", António Guterres, "e uma necessidade premente em particular dos países africanos".
O primeiro-ministro explicou que, com as medidas agora acordadas, foram desbloqueados os pontos das sanções em vigor "que tinham um efeito limitativo em particular na exportação de fertilizantes para países terceiros, assim contribuindo para evitar um dano colateral, uma crise alimentar à escala global".
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Embora as sanções adotadas pela UE contra a Rússia devido à sua agressão militar à Ucrânia não afetem alimentos e fertilizantes, Moscovo alega que as suas exportações deste tipo de produtos foram praticamente paralisadas devido a restrições de empresas de logística ou dificuldades em garantir os carregamentos.
A ONU alerta há meses para o perigo representado pelo forte aumento dos preços dos fertilizantes desde 2019, com um aumento de 250%, tornando-os inacessíveis para muitos agricultores de países em desenvolvimento.
Consequentemente, a ONU receia que as colheitas sejam prejudicadas e provoque uma grave crise alimentar, principalmente em África.
Ao mesmo tempo que os líderes se encontravam reunidos em sede de Conselho Europeu, os embaixadores dos 27 chegaram a um acordo de princípio sobre um nono pacote de sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, que inclui medidas restritivas para mais 200 indivíduos e entidades e restrições no acesso das forças russas a 'drones'.
Este nono pacote de sanções à Rússia, e o terceiro negociado pela presidência checa da UE, "deverá ser confirmado amanhã [sexta-feira] através de procedimento escrito", adiantou a presidência do Conselho.
Von der Leyen reitera "vanguarda" europeia no apoio a Kiev
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen reiterou hoje que a UE está e permanecerá "na vanguarda" do apoio à Ucrânia, alertando que a guerra russa prosseguirá em 2023.
"A UE está na vanguarda do apoio ao seu vizinho, tal como deve estar, e assim continuará", disse a líder do executivo comunitário, comentando a adoção, pelo Conselho Europeu, de um novo pacote de assistência macrofinanceira (AMF) à Ucrânia de 18 mil milhões de dólares para 2023.
Falando em conferência de imprensa no final de uma cimeira da UE, em Bruxelas, Von der Leyen destacou que uma das "consequências massivas" da guerra para os 27 é económica, nomeadamente no que respeita aos preços e abastecimento de energia.
Os líderes dos 27 aprovaram hoje um pacote de AMF a Kiev, que será entregue ao longo de 2023 em parcelas mensais de 1,5 milhões de euros.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.