Corpo de Intervenção vai esperar taxistas na Assembleia
A previsão de pelo menos seis mil taxistas de várias regiões do país a circular em marcha lenta pelas ruas do centro de Lisboa, na segunda-feira, levou o comando da PSP da capital a planear uma operação especial de segurança. E pelo menos um subgrupo do Corpo de Intervenção - com 30 elementos - deverá estar no Parlamento onde irá terminar o protesto contra a legalização das plataformas Uber e Cabify, num diploma que deverá ser aprovado no Conselho de Ministros agendado para dia 13. Além disso os 350 elementos da unidade de Lisboa estão de reserva. Ou seja, se a situação o exigir, vão todos para S. Bento, soube o DN.
A operação da PSP para evitar episódios de violência e caos no trânsito incluirá também várias equipas de Prevenção Imediata com agentes em motas e que pertencem aos comandos de Lisboa, Porto, Faro e Setúbal, adiantou o comissário Sérgio Soares, do comando metropolitano de Lisboa. Será mobilizada toda a esquadra de motociclistas da Divisão de Trânsito para controlar a manifestação, vigiar os fluxos de trânsito e zelar para que a circulação automóvel sofra o mínimo constrangimento possível. Estarão ainda de alerta várias equipas de Intervenção Rápida (EIR). "Alertamos as pessoas que residem na periferia de Lisboa mas que vêm trabalhar para a capital a fazerem-se deslocar de comboio ou de metro na próxima segunda-feira. Não tragam os carros e evitem também andar de autocarro porque o trânsito rodoviário vai estar complicado", alertou o comissário.
Metade da frota vem para Lisboa
Nas reuniões preparatórias para a manifestação, a nível nacional, os dirigentes das organizações de táxis fixaram o objetivo de concentrar em Lisboa metade da frota nacional de 12 mil táxis, isto é, seis mil. Florêncio Almeida, o presidente da Antral, garante que "virão mais de seis mil e a maior parte do Porto". Depois de ter dito há dias ao DN que não ia faltar "porrada", Florêncio Almeida retrai-se: "Serei sempre contra a violência mas continuo a dizer que tenho medo que haja violência nesse dia. Não consigo controlar o que pode acontecer."
Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), prefere o discurso legalista de classificar o diploma do Governo de "inconstitucional" e promete que "os taxistas não vão sair de Lisboa até haver resposta do Executivo". Se for preciso "as nossas mulheres vão-nos levar a comida" [à concentração que irão fazer junto ao Parlamento].
A aposta "muito forte" na manifestação" é visível também nos convidados. "Estarão presentes membros das confederações de Táxi de Madrid e Barcelona e da confederação das Pequenas e Médias empresas de Portugal, além de alguns partidos políticos com assento parlamentar, como o PCP que já confirmou a sua presença".
A FPT pronunciou-se ontem pela inconstitucionalidade do diploma do Governo que estabelece o regime jurídico das plataformas eletrónicas do transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados. "É inconstitucional porque o órgão de que emana, o Governo da República, não tem capacidade para a sua elaboração (...) dado tratar-se de matéria de reserva da competência legislativa da Assembleia da República". Carlos Ramos não acredita que, perante a oposição do PCP, o primeiro-ministro leve o diploma a Conselho de Ministros dia 13.