Depois do primeiro-ministro, António Costa, referir esta terça-feira, na Assembleia da República, que quatro cidadãos lusodescendentes morreram em Israel e que quatro estão desaparecidos, a Comunidade Israelita do Porto fez uma nova atualização. Até ao momento, nove luso-israelitas perderam a vida na sequência do ataque de 7 de outubro levado a cabo pelo Hamas, sendo que um 10º estava em processo de obter a nacionalidade, refere o comunicado. É referido que dois luso-israelitas estão desaparecidos, a que se acrescenta um que está em processo de obter a nacionalidade..Na nota, a Comunidade Israelita do Porto faz saber que "solicitou ao Presidente da República Portuguesa [Marcelo Rebelo de Sousa] para o Estado tudo fazer no sentido de resgatar os cidadãos portugueses desaparecidos e, com certeza, raptados pelo Hamas".."Foram as famílias dos sacrificados que pediram a nossa ajuda, para que interviéssemos junto do Estado, pois têm esperança de que os seus entes queridos, não sendo apenas israelitas, possam ser libertados pelo Hamas, atento o esforço deste movimento terrorista para não ficar completamente isolado no cenário internacional", refere a Comunidade Israelita do Porto, acrescentando que a França, os EUA, o Reino Unido "e outros estão a usar canais alternativos para obter a libertação dos seus cidadãos"..No documento, revela ainda os nomes dos "cinco membros da família Bira cuja morte foi confirmada hoje: Orin Bira (português), Tal Bira (irmão), Jazmin Bira (esposa), Tair Bira (filha), portuguesa, Tahel Bira (filha)"..A Comunidade Israelita do Porto explica, no comunicado, as origens portuguesas dos "sacrificados", de modo a que "os mesmos jamais sejam vistos como cidadãos portugueses de segunda categoria"..Anteriormente dado como desaparecido, Gilad Ben Yehuda, de 28 anos, surge nesta nova atualização na lista dos "assassinados", referindo que era o "filho de Sochi Gali Gavriel Eskenazi de família tradicional sefardita turca, que por centúrias conservou o uso do idioma Ladino, havendo registos desta família nas sinagogas portuguesas de Edirne e Adrianópolis ("Kahal Kadosh" Portugal e "Kahal Kadosh" Évora), bem como nas instituições judaicas de Esmirna, o "Kahal Kadosh"f Portugal" e a instituição "Dotar as Órfãs"..Também Liraz Assulin Shitrit, 38 anos, estava, inicialmente, na lista dos desaparecidos ou presumivelmente raptada pelo grupo extremista palestiniano Hamas. Agora faz parte da lista dos luso-israelitas mortos. Segundo informação da Comunidade Israelita do Porto, era "filha de Meir Assulin e Rikva Shitrit, de famílias sefarditas tradicionais de Marrocos. Registos desta família estendem-se pelas comunidades do Norte de África, incluindo no talhão Portugal no cemitério judaico de Rabat, em Tânger"..Entre as vítimas mortais está Gila Peled Cohen, 58 anos, "de família sefardita tradicional de Túnis, havendo registos desta família nas listas de ketubot (contratos de casamento), dos sécs. XVII e XVIII, da comunidade sefardita portuguesa de Túnis". O seu filho, Daniel Peled, 28 anos, também morreu..Também morreu Orin Bira, 53 anos - estava na lista dos luso-israelitas desaparecidos -, pai de Tair Bira, 21 anos, que foi dada como morta no domingo. Era "filho de Simcha Kasorlla de família sefardita tradicional dos Balcãs, na antiga Jugoslávia, de apelidos Paredes/Pardess, com prática habitual do ladino que mistura palavras dos idiomas português, castelhano, turco, grego e hebraico"..Nevo Arad, 25 anos, também foi dado como morto, era "filho de Ronen Arad Edry de família sefardita tradicional marroquina, havendo registos desta família em inúmeras comunidades locais, bem como no talhão Portugal do cemitério judaico de Rabat, em Tânger.".A Comunidade Israelita do Porta recorda ainda as duas jovens luso-israelitas que já tinham sido dadas como mortas pelo grupo extremista Hamas..Dorin Atias, 22 anos. "Apelidos de família presentes nas comunidades judaicas de origem portuguesa em Esmirna, Salónica, Bulgária, Livorno e outras. Na forma Athias, o apelido é comum entre os judeus que, nos séculos XIX e XX, vindos de Gibraltar e Marrocos, regressaram a Portugal, tendo acabado sepultados no cemitério britânico da Estrela e nos cemitérios judaicos de Lisboa e Faro". E Rotem Neumann Kadosh, de 25 anos. "Descendente de judeus sefarditas de origem portuguesa, por via paterna e materna, de famílias tradicionais sefarditas do Mediterrâneo e dos Balcãs".."Em processo de obtenção de nacionalidade" portuguesa, Niv Raviv, 27 anos, também está entre os mortos confirmados. "De família sefardita tradicional marroquina", diz o comunicado..No que se refere aos desaparecidos, a Comunidade Israelita do Porto fala em dois luso-israelitas:.Idan Shtivi, 28 anos. "Filho de Dali Oron (Naftali Benveniste) de origem familiar búlgara. Nomes de família presentes nas antigas comunidades da Bulgária, Salónica ("Kahal Kadosh Portugal", "Kahal Kadosh Lisbon", "Kahal Kadosh Évora"), Esmirna ("Kahal Kadosh Portugal" e instituição "Dotar as Órfãs"), Marrocos, Tunísia, Hamburgo, Livorno e outras"..E de Moshe Saadyan, 26 anos. "Filho de Vered Moshe (Zubi), de família sefardita tradicional do antigo Império Otomano, concretamente na Turquia e na antiga Palestina, cruzada com a família sefardita marroquina de apelido Bouskila"..Acrescenta ainda que Offer Kaldaron, 52 anos, "em processo de obtenção da nacionalidade portuguesa", está desaparecido. "Filho de David Kalderon, de família sefardita tradicional do antigo Império Otomano, particularmente da Grécia, havendo registos desta família nas sinagogas e instituições portuguesas que existiam em Salónica: o "Kahal Kadosh Portugal", o "Kahal Kadosh Lisbon", o "Kahal Kadosh Évora", o "Portugal Velha" e outras", indica a informação divulgada..A Comunidade Israelita do Porto dá também conta de um luso-israelita "gravemente ferido". Chama-se Menachem Hillel Ben Kalifa, tem 22 anos, e é "filho de Rephael Ben Kalifa (Attar / Assayag), que é filho de Miriam Attar Assayag, de família da comunidade sefardita tradicional de Marrocos. Nos séculos XIX e XX, elementos desta família regressaram a Portugal, havendo registos dos seus nomes nos cemitérios judaicos de Lisboa e Açores"..Indica a Comunidade Israelita que "tem dado conta destes desenvolvimentos à Conservatória dos Registos Centrais".