É com a confiança de um craque que Anderson pega na bola e demonstra todo o seu talento para o futebol. “Já fiz 21 golos, em oito jogos”, conta orgulhoso este futuro internacional português que, do auge dos seus 14 anos, já tem a consciência de que muitos adultos levam tempo para adquirir. “O mais importante aqui, nesse projeto, é que, mesmo se não ganharmos os jogos, estamos unidos como equipa”, diz.A equipa pela qual Anderson veste a camisola é Os Carnideenses, uma das equipas que fazem parte da edição atual da Community Champions League (CCL), numa tradução livre, a Liga dos Campeões das Comunidades. Um projeto desenvolvido pela Fundação Benfica com o apoio da Gebalis e de promotores locais em zonas mais carenciadas no território de Lisboa. Os Carnideenses representam Carnide, uma das 10 autarquias lisboetas a integrarem o projeto, que conta também com uma equipa dinamizada pela Cruz Vermelha Portuguesa, formada por jovens refugiados. Esta liga de campeões envolve crianças e adolescentes na prática desportiva não apenas com os treinos de futebol, mas também com o estímulo dos valores de cidadania que o desporto valoriza.“O mais valioso é o impacto que o projeto pode dar aos beneficiários. É uma iniciativa feita para eles. Tentamos que tenham regras dentro de uma competição que é diferente do habitual”, explica João Videira, da Fundação Benfica, técnico responsável pela CCL..Sendo diferente de uma competição habitual, como será que se chega ao vencedor de uma edição? É claro que os golos contam, mas há toda uma gama de pontos que são atribuídos fora das quatro linhas. Chegar ao local da partida com antecedência vale pontos, assim como estar com o uniforme limpo e cuidado. Mostrar respeito pela sua equipa, pelos adversários e pelo árbitro também conta a favor.“Na parte comunitária, o que nós fazemos é desafiar os jovens a desenvolverem microprojetos ou ações a favor da sua comunidade. No fundo, é mostrar-lhes que eles também têm um superpoder em relação ao sítio onde vivem. São contextos mais vulneráveis e eles podem fazer parte da solução para aquele local. Com as suas pequenas ações, podem transformar os seus territórios em sítios mais saudáveis, mais felizes para viver”, explica Marlene Almeida, coordenadora do Departamento de Projetos de Intervenção Comunitária da Gebalis.Esta é a 3.ª edição da CCL e a criatividade dos participantes não é demonstrada apenas nos toques na bola. “Já fizemos casotas para os gatos da rua, recolhemos alimentos para os animais e fizemos um vídeo de ‘Não à violência e sim à paz’ ”, conta o Martim, de 13 anos. “Também fomos aos velhinhos”, diz a Leonor, de 11 anos, a relembrar o dia em que visitaram um lar na freguesia.Ter uma equipa mista também garante mais pontos para a contagem final. “Soube que tinha este projeto, achei fantástico, por isso vim”, completa a Leonor, embora reconheça que o desporto “é difícil, mas a gente se diverte”..Cada edição dura dois anos, “para que possamos acompanhar os grupos e consolidar hábitos e aprendizagens”, diz Marlene Almeida. No final de uma edição, “o campeão tem direito a uma experiência no exterior. No ano passado, fomos ao Luxemburgo, há três anos fomos à Holanda e a ideia é que estes miúdos possam ter uma experiência fora do país, que a maioria também nunca teve. Andar de avião, poder jogar com outras equipas, é muito, muito gratificante”, completa a coordenadora.Os jogos são disputados com afinco e animação, mobilizando todas as comunidades envolvidas, e são realizados sempre em locais diferentes, para fazer com que as equipas também saiam das suas zonas de residência.“O melhor em campo, na maioria das vezes, não é o campeão do CCL, por isso os miúdos, desde muito cedo, percebem que não basta ser só bom a jogar à bola, é preciso ser boa pessoa, é preciso contribuir para a sua comunidade”, conclui Marlene Almeida..“O maior desafio atual na Educação é a qualidade da aprendizagem”."Oi Cascais Kids": criado por brasileira, evento infantil vai ter dois dias de atividades