DGS recomenda vacinação para crianças dos 5 aos 11 anos
A 25 de Novembro a Agência Europeia do Medicamento (EMA) autorizava a entrada no mercado da vacinação da Pfizer/BioNTech para crianças dos 5 aos 11 anos. No dia 1 de dezembro, o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) também aceitava a vacinação desta faixa etária, deixando ao critério dos países fazê-lo ou não tendo por base a situação epidemiológica de cada um. No entanto, tal não deve acontecer sempre que se trate de crianças com fatores de risco, um grupo que o ECDC considera que tem de ser vacinado e tratado como prioritário.
Em Portugal, a Comissão Técnica de Vacinação para Covid-19 (CTVC), da Direção Geral da Saúde, fez hoje saber que recomenda a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos. De acordo, com um comunicado enviado às Redações a DGS informa que a vacina a usar vai ser a Comirnaty, da Pfizer/BioNTech, a única que tem parecer positivo da Agência Europeia do Medicamento para a formulação pediátrica.
A CTVC considerou que os dados disponíveis demonstram haver um risco benefícios, quer individual quer para a saúde pública, a vacinação desta faixa etária.
A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) já se pronunciou a favor da vacinação desta faixa etária, sustentando que está demonstrada segurança e eficácia. Contudo, defendeu que esta decisão deveria ter em conta outros dados, como a prevalência da infeção nas crianças. Num comunicado divulgado há dias, a SPP lembrava que a doença nas crianças "é habitualmente assintomática ou ligeira e que, felizmente, continuam a ser raros os casos graves que obrigam a internamento ou admissão em unidades de cuidados intensivos", ocorrendo estes "maioritariamente em crianças com fatores de risco".
Na mesma nota, a SPP alertava para o facto de as crianças terem "sido fortemente prejudicadas na pandemia devido aos confinamentos sucessivos, que afetam seriamente a sua aprendizagem e saúde mental e aumentam o risco de pobreza e de maus-tratos" e defende que, provada a segurança e eficácia da vacina, "poderá ser considerada a sua aplicação neste grupo etário, se isso permitir trazer normalidade à vida das crianças".
Do lado o Governo, o primeiro a dizer que o país estava preparado para vacinar as crianças foi o primeiro-ministro António Costa, que a 25 de novembro anunciou que tinham sido já adquiridas 700 mil doses para inocular as cerca de 600 mil crianças existentes no país nesta faixa etária. As primeiras 300 mil doses deveriam chegar a território nacional a 20 de dezembro e as restantes até ao final de janeiro, mas, na segunda-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou que este timing foi antecipado para 13 de dezembro.
"Vão chegar cerca de 300 mil vacinas no dia 13 de dezembro e, depois, durante o mês de janeiro, chegarão mais 400 mil, o que, para esta população, será suficiente", disse o governante ao mesmo tempo que destacou que a prioridade continua a ser "a vacinação dos grupos mais velhos e mais vulneráveis.
Recorde-se que a dose pediátrica, a que foi usada no ensaio clínico internacional, feito pelos laboratórios Pfizer/BioNTech, que reuniu mais de duas crianças, das quais 1500 receberam a vacina, é três vezes menor do que a usada nos adultos. Este ensaio demonstrou também uma eficácia da ordem dos 90% em relação à eficácia e segurança desta vacina.
Neste momento, há alguns países que já iniciaram o processo de vacinação dos mais novos, nomeadamente os EUA, Canadá e Israel. Na União Europeia, a Itália já anunciou que vai começar a vacinar estas crianças a 16 de dezembro. E hoje a Espanha fez o mesmo anúncio, devendo começar este processo de vacinação também já na semana.
Do lado da Educação, o ministro Tiago Brandão Rodrigues assegurou na segunda-feira que tudo estará preparado para avançar com este processo e para que este decorra de forma rápida e extensa se a Direção-Geral da Saúde recomendar a vacinação das crianças a partir dos cinco anos.
"O que desejamos é que a vacinação ocorra rapidamente e em grande extensão. É isso que eu espero que aconteça e é isso que eu tenho sentido das direções das escolas, dos professores e de quem representa os pais e os encarregados de educação", disse ontem aos jornalistas à margem de uma visita à Escola Básica Dr. Manuel da Costa Brandão, em Arcos de Valdevez.
Para o governante, a vacinação desta faixa etária seria importante para reforçar a segurança nas escolas, considerando, por isso, que seria positivo que um número significativo das crianças abrangidas já pudesse estar vacinada no início do segundo período letivo, que arranca a 10 de janeiro.