Em causa estão os crimes de desobediência civil e interrupção das comunicações, devido ao bloqueio da entrada do túnel do Marquês de Pombal, em Lisboa, no final do ano passado. Onze ativistas do coletivo Climáximo, com idades entre os 20 e os 58 anos, vão sentar-se no banco dos réus, no Campus de Justiça, em Lisboa, a partir desta segunda-feira. O julgamento deverá decorrer até esta quarta-feira..Maria Mesquita, 21 anos, porta-voz do Climáximo, é uma das arguidas. “A partir do momento em que estamos a sentar-nos no banco dos réus por fazermos uma manifestação para defendermos a vida, e a reação do nosso Estado e das nossas instituições é acusar-nos e pôr-nos em tribunal, não tenho quaisquer expetativas em relação ao julgamento”, começa por dizer a ativista..Em paralelo com o julgamento vão acontecer diversas ações de solidariedade e resistência, a que os ativistas dão o nome de Assembleias de Abril. “Vai haver momentos de debate, algumas formações, e vamos estar, coletivamente, a pensar, mais estrategicamente, nos planos a médio prazo. E também no que é que nós queremos que sejam as prioridades agora”..Uma coisa é certa: as ações de protesto, apesar do julgamento - que já é o segundo a visar ativistas do Climáximo - vão continuar. “Posso dizer que vamos continuar em modo de resistência. Vamos continuar a interromper a normalidade e vamos continuar com a disrupção, no sentido de forçar a sociedade a abrir um diálogo connosco sobre a crise climática”, afiança Maria Mesquita. “Não vamos parar de resistir a este genocídio”..Assim sendo, é expetável que venham a acontecer novos cortes de estradas ou ruas e o lançamento de tinta a espaços públicos ou empresas. No entanto, o Climáximo demarca-se dos ataques com tinta a políticos, como aconteceu ao atual primeiro-ministro Luís Montenegro ou ao antigo ministro das Finanças, Fernando Medina. “Isso foram ações da Greve Climática Estudantil (GCE). Claro que é uma organização que está bastante próxima de nós. Existe comunicação entre os dois grupos”, explica Maria Mesquita..Aliás, a ativista e porta-voz do Climáximo não descarta ações conjuntas: “Já estivemos articulados várias vezes, em marchas, por exemplo. Vamos ver o que acontece no futuro, mas temos todo o respeito pelas ações da GCE”..A descarbonização do planeta é o objetivo dos ambientalistas que propõem medidas como “acabar com os voos ridículos Lisboa-Porto e investir mais na ferrovia”.