Um dos mais antigos medicamentos com o princípio ativo liraglutido, indicado para tratar crianças com 10 anos, adolescentes e adultos com Diabetes Tipo 2, vai ser descontinuado e retirado do mercado. O anúncio foi feito pelo próprio laboratório que produz e comercializa o medicamento original no ano passado, quer à Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla inglesa) quer ao Infarmed, Autoridade Nacional do medicamento. A questão é que, neste momento, e segundo afirmaram ao DN fontes do setor, há cerca de cinco mil doentes no nosso país a fazer terapêutica com este medicamento e que aguardam a chegada de um substituto, com a mesma apresentação, toma diária, ao mercado para que “não tenham de alterar a sua rotina”, mas do qual nada sabem.As mesmas fontes garantem haver “um genérico deste medicamento, já aprovado em Portugal e com autorização para entrar no mercado em janeiro de 2026, com a vantagem de custar metade do preço do original e com comparticipação a 90%, só que nada se sabe sobre quando e se vai mesmo entrar no mercado”. Ou seja, explicam, “a esta altura o Infarmed já deveria ter feito qualquer informação sobre o assunto, porque é importante que os doentes saibam com o que contam, pois receiam ter de mudar de terapêutica”. Só que um genérico, dizem-nos, “tem a vantagem de ficar mais barato para o utente e até para o Estado que o comparticipa do que o medicamento original”. De acordo com as mesmas fontes, o preço de venda ao público do genérico que deveria chegar ao mercado no início de janeiro rondará os 53 euros, mas com sendo a sua comparticipação de 90%, o utente apenas terá de pagar cerca de 5,30 euros, se for do regime geral, ou 2,60 euros se for do regime especial - sendo que o medicamento original sem comparticipação tinha um custo de 92 euros.O presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, João Filipe Raposo, confirmou ao DN saber da descontinuidade do medicamento original à base de liraglutido, destacando mesmo que a decisão foi tomada pelo próprio laboratório que o produz e comercializa, “nada teve a ver com uma decisão nacional”, e que a mesma foi dada a conhecer à Agência do Medicamento Europeu (EMA, sigla inglesa), e ao próprio Infarmed, Autoridade Nacional para o Medicamento, ainda no ano passado. .PJ detém médica que receitava medicamentos a falsos diabéticos para perder de peso. Ordem dos Médicos abre inquérito disciplinar. João Filipe Raposo confirmou ainda saber da existência de um genérico “exatamente igual, com toma diária”, mas desconhece porque é que ainda “não há informação sobre isto”. Relembrando que os doentes “não devem interromper este tipo de medicação, porque se a estão a fazer é porque necessitam dela para o controlo da sua diabetes. E qualquer interrupção pode ter consequências”. Contudo, salvaguarda, o presidente APDP “no mercado existem outros medicamentos para a Diabetes Tipo 2, mas nem todos são de toma diária. Há uns de toma semanal ou de duas a três vezes por semana e para “os doentes é importante que mantenham a rotina da terapêutica diárias”, mas se até ao final do mês não houver qualquer indicação sobre o medicamento que é “exatamente igual”, aconselha os doentes a contactarem o seu médico para que este lhes dê uma alternativa. “Não podem é ficar sem medicação”, alerta.O DN contactou o Infarmed para saber o que está a autoridade portuguesa a fazer para que os cinco mil doentes doentes não fiquem sem uma apresentação idêntica. E a resposta remeteu-nos para a circular informativa n.º083/CD/ /100.20.200 de 14/07/2025, deste instituto, onde é dado a conhecer que o Liraglutido, “um medicamento indicado no tratamento de adultos, adolescentes e crianças com 10 anos de idade ou mais, com diabetes mellitus tipo 2 insuficientemente controlada”, vai ser descontinuado e que, “para assegurar a substituição atempada da terapêutica instituída” era recomendado aos médicos: “Não devem ser iniciados novos tratamentos com este medicamento”; “deve ser promovida a substituição atempada do liraglutido aos doentes em tratamento com este medicamento” e que “para apoio na escolha da alternativa terapêutica, sugere-se a consulta às orientações da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica relativas ao tratamento da diabetes mellitus tipo 2”. Aos farmacêuticos, o Infarmed recomenda que “devem aconselhar os doentes em tratamento com liraglutido a contactar o médico”; e que “devem tranquilizar os doentes que não consigam contactar o médico de imediato, porque o medicamento ainda estará disponível durante alguns meses”. E aos utentes é aconselhado a que, “consultem o médico para que, se necessário, possa ser prescrita uma alternativa terapêutica, bem como ser prestadas todas as instruções necessárias para facilitar a substituição”.O DN questionou ainda o Infarmed sobre a existência de um genérico deste medicamento aprovado em Portugal e com autorização de entrada no mercado em janeiro, por metade do preço do original, mas sobre o qual ainda não lançou qualquer informação. E o Infarmed confirmou que “existe um medicamento similar, para o qual foi submetido ao INFARMED um pedido de comparticipação” e que este “processo já está concluído e foi comunicado ao titular (laboratório que o produz) desde o passado mês de outubro. Nesse sentido, depende do laboratório titular do medicamento comunicar o inicio de comercialização e colocar o medicamento no mercado.” No entanto, as mesmas fontes questionam: “Se há um genérico, porque não avisam que vai entrar no mercado e tranquilizam os doentes? Afinal, o que pretendem? Que seja mudada a terapêutica aos doentes?”.