Cinco Cidades Criativas da UNESCO que podem trazer turistas à Região Centro

Já não é (só) o património que leva visitantes à maior região do país. Depois de Coimbra, Tomar, Batalha e Alcobaça, há agora um novo roteiro: o das cidades criativas da UNESCO. Leiria, Caldas da Rainha, Óbidos, Covilhã e Idanha-a-Nova ganharam renovada importância.

Óbidos e a Literatura, Caldas da Rainha e as Artes, Covilhã e o Design, Leiria e Idanha-a-Nova e a Música. São estas que compõem uma mão-cheia de Cidades Criativas da UNESCO, todas elas parte integrante do Turismo do Centro, que está a apostar neste novo nicho para chamar outros públicos a uma região que há muito tinha um lugar de destaque no panorama do património. Afinal, é esta a região do Convento de Cristo, em Tomar, do Mosteiro da Batalha, do Mosteiro de Alcobaça, que encabeçam a lista dos monumentos mais visitados em Portugal. Mas é também a região de Coimbra e de Fátima, que traz ao país os que o procuram como destino de Turismo Religioso.

Depois de, no ano passado, ter apostado num roteiro de Turismo Industrial, o Turismo do Centro volta-se agora para as Cidades Criativas da UNESCO, uma rede mundial composta por 246 cidades, em sete áreas distintas - que vão desde o artesanato, arte folclórica, design, cinema, gastronomia, literatura, media e música.

As cidades que integram a rede assumem o compromisso de partilhar experiências, conhecimentos e boas práticas criativas, assim como desenvolver parcerias envolvendo os setores público e privado, associações, comunidade civil, organizações e instituições culturais.

E é isso que está a acontecer com estas cidades no Centro de Portugal. Na Região do Oeste, a cidade de Caldas da Rainha foi distinguida na categoria de Artesanato e das Artes Populares e a Vila de Óbidos na categoria de Literatura. Na Serra da Estrela, a Covilhã integra a categoria do Design. Na Beira Baixa e na Região de Leiria Idanha-a-Nova e Leiria, respetivamente, são ambas Cidades Criativas da Música, com atividades e por razões diversas.

Nos últimos três anos, a Região Centro desenvolveu um programa a que chamou Lugares do Património Mundial, "particularmente alavancado no património edificado, com a chancela da UNESCO. E esse projeto permitiu-nos de alguma forma, não só posicionar esse património enquanto atração do território, mas, mais do que isso, permitiu-nos até desenvolver alguns projetos, como a própria reeducação para criação de novos públicos, para chegarmos às escolas, animação nos sítios de Património Mundial", explica ao DN P edro Machado, presidente da Entidade Regional.

Agora, a esse programa, que o Turismo do Centro considerou "de grande sucesso", é chegada a hora de "acrescentar uma camada": "O alargamento quer do ponto de vista territorial, quer do ponto de vista dos conteúdos, com as Cidades Criativas da UNESCO". Trata-se de somar aos quatro lugares-património (Coimbra, Tomar, Alcobaça e Batalha), as cinco cidades de Leiria, Caldas da Rainha, Óbidos, Covilhã e Idanha-a-Nova.

"É uma forma de trazermos novos conteúdos, criarmos novas experiências, criarmos um novo roteiro do Património Mundial, conscientes da importância que ele tem, sobretudo na atratividade internacional".

Será esse o objetivo: trazer novos públicos à região? Pedro Machado acredita que é apenas continuar o caminho de, a partir da chancela do Património Mundial da UNESCO, neste caso em concreto, das Cidades Criativas, acrescentar "uma nova camada daquilo que pode bem ser a oferta turística do Centro de Portugal e, dessa forma, não só novos públicos, mas eventualmente também diferenciarmos aquilo a que chamamos a qualificação da experiência turística".

O que é que o Centro tem?

A Região Centro registou nos últimos anos um aumento de turistas, muito à conta da pandemia e da redescoberta do interior do país. Pedro Machado afirma ao DN que a diferença - face às restantes regiões do país - está "na tónica, que foi sempre o nosso leitmotiv de comunicação, e que é a diversidade".

"Enquanto as nossas regiões mais diretamente concorrentes têm foco em determinados produtos, o Centro de Portugal sempre foi, e quer continuar a ser, o destino da diversidade - embora isso não signifique nem confusão, nem falta de definição de uma escolha", sublinha.

Foi a diversidade que esteve subjacente na criação dos roteiros, nomeadamente associados ao pregão "Um é bom, dois é ótimo, três nunca é demais", em que o Turismo do Centro passa a ideia de oferecer, num espaço próximo em termos de distância física, várias experiências turísticas complementares. "Dessa forma também servimos vários públicos", conclui o presidente.

Embora salvaguardando que "a pandemia nunca é uma boa notícia", Pedro Machado reconhece que os dois anos de covid-19 "abriram janelas de oportunidade", nomeadamente na redescoberta do Centro de Portugal. "Muitos portugueses, por força do confinamento, e depois da incapacidade de viajar para outras paragens, passaram a descobrir Portugal e ficaram positivamente surpreendidos. E depois isso deu-lhes a possibilidade de experimentar novos produtos, aquilo a que chamamos territórios do interior, de baixa densidade, mas muito em particular turismo ativo, de natureza, ar livre, tudo isso foi reconquistado pelos portugueses."

Em 2021, os números oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelaram que o Centro foi uma das regiões que cativou mais turistas, ou melhor, que registou menos quebras (26,8%).

A verdade é que, antes da pandemia eclodir, a região somava êxitos em catadupa nos números de visitantes. Em 2019 batera recordes de visitas e alojamento, tendo crescido mais do dobro da média nacional, segundo os dados do INE.

Já na altura, em declarações ao DN, o presidente da Entidade Regional de Turismo atribuía então o êxito à diversidade da oferta. Mas havia outra explicação: mais de 2,4 milhões investidos em promoção. Pedro Machado continua a apostar nesse caminho, por acreditar que tem sempre retorno.

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