Um consórcio formado por uma empresa norte-americana e duas portuguesas venceu o concurso de 7,5 milhões de euros para formar militares portugueses em ações de ciberguerra e esse treino já está a decorrer, confirmou ao DN fonte oficial do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA). “Após o processo de seleção de candidatos provenientes do EMGFA e dos três Ramos, teve início, no dia 16 de dezembro de 2024, o primeiro Curso “Cyber Defender”. Este curso está a decorrer, provisoriamente, nas instalações da Cyber Academia and Innovation Hub, localizadas na Academia Militar”, acrescenta o porta-voz. Uma das exigências expostas no caderno de encargos deste concurso, inicialmente orçamentado em 11,5 milhões de euros, era que, conforme o DN noticiou na altura do seu lançamento, os candidatos tivessem experiência em operações de ciberguerra. O EMGFA não quis indicar o nome das empresas para “salvaguardar o interesse essencial de segurança da informação”, princípio que o DN acolhe, mas o nome dos vencedores não é segredo no meio militar. Neste consórcio é a empresa americana a assumir o requisito da ciberguerra, de acordo com uma fonte que conhece o processo. Segundo o site desta companhia, com sede na Virginia, o CEO será de origem portuguesa, com serviço militar na Força Aérea americana na área das informações e no seu Linkedin revela vasta experiência de consultoria e treino para entidades governamentais como a CIA, a NSA e outras do setor da inteligência. Em 2023, na altura do lançamento do concurso, esta empresa estabeleceu uma parceria com a portuguesa, com um vasto histórico de contratos com o Estado na área da cibersegurança com as tutelas da Segurança Interna, Justiça, Saúde e Forças Armadas, entre outros, que faz parte do Consórcio. De acordo com o portal dos contratos públicos (base.gov) firmou um total de 140 contratos, no valor de perto de seis milhões de euros, não estando aqui incluído o desta formação. No seu site refere que “trabalha com a Defesa desde 2010” com “soluções de simulação e treino de desenvolvimento de capacidades de Cibersegurança e Ciberdefesa”. .A terceira empresa portuguesa envolvida é uma grande operadora de telecomunicações com contratos com a administração central e local do Estado no valor de mais de 360 milhões de euros.. A terceira empresa portuguesa envolvida é uma grande operadora de telecomunicações com contratos com a administração central e local do Estado no valor de mais de 360 milhões de euros.Esta formação é a primeira fase da criação da primeira Escola de Ciberdefesa em Portugal, prevista desde 2022 na Estratégia Nacional de Ciberdefesa, segundo a qual as Forças Armadas devem ter capacidade para ações “defensivas e ofensivas que serão suportadas pelo relevante enquadramento jurídico e político”. .Salienta o porta-voz do EMGFA que “este projeto reforça o compromisso das Forças Armadas em contribuir para o fortalecimento da capacidade de ciberdefesa nacional, alinhando-se com os mais elevados padrões de formação e inovação tecnológica”.. Salienta o porta-voz do EMGFA que “este projeto reforça o compromisso das Forças Armadas em contribuir para o fortalecimento da capacidade de ciberdefesa nacional, alinhando-se com os mais elevados padrões de formação e inovação tecnológica”.A localização da Escola, inicialmente prevista, pelo anterior Governo, para o edifício do próprio EMGFA, é que ainda não está decidido. Nuno Melo pondera "atualização" da localização da EscolaA Cyber Academia and Innovation Hub, onde está agora a decorrer a formação, foi equipada com tecnologia de ponta e teve um investimento de um milhão de euros. Questionado pelo DN, o porta-voz do ministro Nuno Melo refere que “o Ministro da Defesa Nacional está a ponderar a atualização de todo o projeto sempre tendo em conta os interesses em causa, os compromissos assumidos e as obrigações legais em vigor.”Por seu lado, o EMGFA avança com a “requalificação” das suas “infraestruturas necessárias para a Escola de Ciberdefesa”, afiançando que “as entidades concorrentes ao concurso público foram já notificadas sobre o relatório final”, que o “procedimento será submetido a visto prévio do Tribunal de Contas” e que “após a sua obtenção, a obra terá início”.O DN contactou as três empresas. Apenas uma delas respondeu. O seu CEO pediu para não ser citado "por questões contratuais" mas autorizou a seguinte declaração:" Portugal deve sentir-se orgulhoso por conseguir envolver duas empresas portuguesas num projeto tão importante como este".Tem sido moroso este processo de criação da Escola de Ciberdefesa: começou em 2020 com o anterior CEMGFA, Almirante Silva Ribeiro, que selecionou empresas, entre as quais israelitas, capacitadas com um plano de formação a longo prazo, em 2022 foi classificado como "prioritário" pela então ministra da Defesa, Helena Carreiras, mas em 2023, o atual CEMGFA, General Nunes da Fonseca, logo após tomar posse, fez tábua rasa das iniciativas do antecessor e decidiu lançar um concurso público internacional.Recorde-se que, conforme o DN noticiou em primeira mão, o ministério da Defesa e o próprio EMGFA foram alvo de graves ciberataques em 2022.